Nas últimas semanas, Portugal e Espanha foram atingidos por secas recordes, “possivelmente as piores” dos últimos 20 anos, alerta Ricardo Deus, diretor do departamento de clima do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Solos secos e gretados, água a esgotar-se e lagos a secar… “Nunca tinha visto isso”, confessa Carlos, cana de pesca na mão, olhando ansioso para o rio Zêzere. O português, que lá pesca há cerca de trinta anos, diz-se muito ‘preocupado’ com a flagrante drenagem do rio, cujas margens vão sendo descobertas pouco a pouco. “Eu só rego uma vez por semana porque as fontes de água têm muito pouca energia”, reclama Antonio Estevão, queijeiro e apicultor. Nada cresce e, portanto, os animais comem pouco. †
Esta seca precoce, excepcional na “intensidade, extensão e duração”, segundo Ricardo Deus, deve-se à falta de chuva. “Em janeiro choveu apenas um quarto do que deveria ter chovido neste momento”, explica Ruben del Campo, porta-voz da AEMET, a agência meteorológica espanhola. “Se não chover nestas datas, quando deve chover mais, não só as reservas não serão recarregadas, mas sua capacidade, sua quantidade de água continuará diminuindo e isso pode ser uma preocupação no futuro. porque a partir de maio e junho, quando chega o verão, nunca mais os recarregam”, continua.