O ex-presidente português Jorge Sampaio morreu na sexta-feira, 10 de setembro, em Lisboa, anunciou a família à agência Lusa. Ele tinha 81 anos. Secretário-geral do Partido Socialista, prefeito de Lisboa e então chefe de Estado entre 1996 e 2006, Sampaio sofria de problemas cardíacos e estava internado desde o final de agosto.
“Jorge Sampaio deixou-nos hoje deixando-nos um duplo legado de liberdade mas também de igualdade”reagiu o atual Presidente da República, o conservador Marcelo Rebelo de Sousa. “Nós nos curvamos à memória de alguém que sempre foi um exemplo”declarou o Primeiro-Ministro, António Costa, saudando também a “justiça ética” do ex-chefe de Estado. O governo socialista decidiu declarar três dias de luto nacional a partir de sábado, disse ele.
Nascido em Lisboa em 1939 numa família burguesa, ingressou na política durante os estudos de direito, como um dos líderes das greves universitárias de 1962 contra a ditadura de António Salazar (1932-1968). Depois de se tornar advogado, defendeu vários presos políticos.
Eleito presidente no primeiro turno, em 1996
Em 1978, quatro anos após a “Revolução dos Cravos” que pôs fim à ditadura, Jorge Sampaio ingressou no Partido Socialista fundado por Mário Soares, seu antecessor como Presidente da República de 1986 a 1996. Foi deputado durante muito tempo secretário-geral do partido em 1989 e, no mesmo ano, conquistou a prefeitura de Lisboa com o apoio dos comunistas. Derrotado nas eleições legislativas de 1991, vingou-se ao vencer as eleições presidenciais de 1996 na primeira volta contra o seu rival de direita, Aníbal Cavaco Silva.
Jorge Sampaio permanece na história política portuguesa como o homem que, em Novembro de 2004, abandonou o seu papel eminentemente cerimonial ao decidir dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas, julgando o governo social-democrata incapaz de fazer face à crise económica. O ex-advogado recusou-se a renunciar a esta medida quatro meses antes, quando o primeiro-ministro de centro-direita, José Manuel Durão Barroso, renunciou para assumir a presidência da Comissão Europeia. As eleições legislativas de fevereiro de 2005 permitiram aos socialistas obter a maioria absoluta.
Fim da carreira diplomática
No entanto, em janeiro de 2006, ao final de seu mandato, estabeleceu-se uma coabitação com a eleição do primeiro presidente de direita desde 1974, Anibal Cavaco Silva, que o sucedeu na presidência (2006-2016).
Após seu segundo mandato, o Sr. Sampaio tornou-se, aos 66 anos, enviado especial para a iniciativa “Stop Tuberculosis” das Nações Unidas. Em seguida, exerceu o cargo de Alto Representante da Aliança de Civilizações, cujo objetivo é promover iniciativas destinadas a superar desentendimentos entre culturas e religiões.
Recentemente, o Sr. Sampaio, pai de dois filhos, liderou uma plataforma internacional de apoio aos estudantes sírios.