Rodeado por uma infinidade de guarda-costas e eleitos do seu partido, André Ventura avança sorridente no centro histórico de Braga, no norte de Portugal, esta terça-feira, 27 de fevereiro. ), cerca de cinquenta ativistas agitam bandeiras e cantam como um mantra: “Portugal”. Margarita Paulina não esconde a empolgação. Com lágrimas nos olhos, faz sinal ao Sr. Ventura que se aproxima dela e a beija efusivamente. “Isto é o melhor: Portugal precisa de mão de ferro para que a ordem regresse ao nosso pequeno país e os nossos jovens não saiam mais em busca de um futuro melhor noutro lado, explica este aposentado de 62 anos, cujo filho mora em Dubai e uma filha na Suíça. Outros políticos fazem muitas promessas, mas não fazem nada…”
Nas ruas, transeuntes curiosos tiram fotos e sussurram enquanto ele passa. “Ele tem ideias que gosto e luta contra o status quo. Este país precisa mudar a sua mentalidade e as pessoas precisam acordar”, garante José Campos, engenheiro de 52 anos que ainda hesita em dar-lhe voz, encontrando-o “às vezes muito agressivo”. Dois funcionários de uma sapataria estão cochichando no patamar. “Ele é extremo demais para mim, mas tem razão quando fala sobre moradia e desigualdade”sublinha um deles, de trinta anos.
Cinco anos depois da sua aparição na cena política portuguesa, o Chega tem a promessa de um forte impulso durante as eleições legislativas antecipadas que terão lugar no domingo, 10 de março. Em 2019, com apenas 1,3% dos votos, o partido de André Ventura, antigo autárquico dirigente eleito do PSD (Partido Social Democrata, centro-direita) e ex-comentador desportivo, conquistou um único assento na Assembleia da República, sustentado por um discurso anti-sistema e anti-cigano. “Ele então pescou vozes em áreas rurais abandonadas, entre pessoas que não se sentiam ouvidaslembra a analista política Patricia Lisa. Agora, está ganhando entre os jovens, seduzidos por festas situadas nos extremos…” Depois de subir para 7,1% dos votos em 2022 (12 deputados) e de ter introduzido um discurso radical, tanto na forma como no conteúdo, no espaço até então policiado da Assembleia, é agora anunciado pelas sondagens mais conservadoras. entre 16% e 18% das intenções de voto.
O fim da exceção portuguesa, um país que há muito parece alérgico à extrema direita, deverá ser ratificado no domingo. “Na realidade, desde a consolidação da democracia, depois da “revolução dos cravos” de 1974, sabíamos que entre 18% e 20% da sociedade portuguesa expressava opiniões conservadoras autoritárias. No entanto, os dois partidos de direita, o PSD e o CDS [Centre démocrate et social]que veio da oposição moderada ao salazarismo, os continha, sublinha o historiador António Costa Pinto, professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. O Chega emergiu, em última análise, no contexto de uma dinâmica anti-socialista – sob o governo de esquerda que combinava o Partido Socialista, a esquerda radical e o Partido Comunista. [entre 2015 et 2019], apelidada de “geringonça”, a “chamada” – e a impossibilidade do direito de voltar ao poder. »
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