DAVOS (Reuters) – O ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhane, reiterou no Fórum Econômico Mundial na terça-feira a posição do Reino sobre a normalização com Israel de que não há mudança, apesar de recentes relatos da mídia não confirmados sugerindo o contrário.

“Já abordei essa questão muitas vezes no passado e nada mudou em nossa visão sobre o assunto. Acho que sempre vimos a normalização como o resultado final, mas o resultado final de um caminho”, disse o príncipe Faisal em um fórum em Davos intitulado “Uma Nova Arquitetura de Segurança no Oriente Médio”.

“Sempre imaginamos a normalização total com Israel, e eu disse antes que a normalização total entre nós e Israel, entre a região e Israel, traria imensos benefícios. Não podemos colher esses benefícios até que resolvamos a questão da Palestina”, acrescentou ele em resposta a uma pergunta sobre recentes reportagens não confirmadas da mídia envolvendo um acordo mediado pelos EUA entre Egito e Israel.

De sua parte, o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman al-Safadi, também interveio e disse: “A questão-chave que devemos analisar aqui é a absoluta ausência de um horizonte político para resolver o conflito palestino-israelense”.

“Essa falta de horizonte mata a esperança, permite o enriquecimento do desespero e potencializa a radicalização de todos os lados e isso é algo que precisa ser abordado.”

O assassinato do veterano jornalista da Al Jazeera Shireen Abou Akleh na Palestina nas mãos das Forças de Defesa de Israel também foi levantado e o painel exigiu uma investigação completa.

“Este é um caso entre muitos, desde o início do ano, mais de 42 palestinos foram mortos nos confrontos que eclodiram nos territórios palestinos ocupados”, alertou Safadi.

Questionado sobre as relações com o presidente sírio, Bashar al-Assad, o príncipe Faisal revelou que eles devem encontrar uma maneira de avançar o processo político que está parado há muito tempo, e também devem encontrar uma maneira de resolver a crise dos refugiados.

O ministro das Relações Exteriores da Jordânia explicou: “É fácil para alguém que está falando a 10.000, 4.000 ou 5.000 milhas (1 milha = 1,609 km) ver as coisas de uma forma diferente daquela da região.

“A questão não é ‘normalizar ou não normalizar’, a questão é ‘continuamos com a política do status quo?’ O que significa que a crise continua se agravando, que o sofrimento que ela causa também continua afetando mais pessoas”, acrescentou.

“Achamos que temos que considerar a interligação de tudo na região, com a Síria temos que aceitar o fato de que a crise não pode continuar e temos que resolvê-la.”

Em relação à normalização dos vínculos com pontos de crise e ameaças regionais, também foi levantado o tema do diálogo com o Irã.

Safadi disse a um painel do Fórum Econômico Mundial: “Nossas mãos estão estendidas, estamos tentando transmitir a mensagem de que entrar em uma nova era de cooperação na região pode ser benéfico para todos nós”, acrescentando que “isso requer uma decisão no Irã abraçar esta visão de um futuro muito mais próspero e cooperativo”.

“Continuamos a encorajar nossos vizinhos iranianos a olhar para o que pode ser uma mudança muito, muito significativa… ver mudanças em nossa região”, disse ele.

Enquanto o GCC está em negociações com o Irã, o governo há dois meses reivindicou a responsabilidade por um ataque com mísseis na capital curda Erbil, no Iraque, confirmando que tinha como alvo um “centro estratégico israelense de conspiração”.

O primeiro-ministro curdo, Masrour Barzani, disse que “devemos considerar a segurança da região como um todo”.

Este texto é a tradução de um artigo publicado no Arabnews.com