“Fuentes de Oñoro aos poucos está desaparecendo”

Foi anunciado. A abertura do último troço da auto-estrada que permite ir de Salamanca a Portugal por via rápida significou o fim de anos de espera para fixar o último ‘funil’ em milhares de quilómetros, mas ao mesmo tempo também significou o fim da vida que Fuentes de Oñoro conheceu. A previsão levou muito pouco tempo para ser confirmada e esta pequena cidade na fronteira de Salamanca hoje não é nem uma sombra do que já foi. E foi em tempo recorde: o impacto foi imediato e dois meses depois de abrir todo o percurso ao tráfego já é perceptível.

Nesse mesmo 20 de dezembro, o prefeito de Fuentes de Oñoro, Isidoro Alanís, fez uma premoção. “Você não percebe que esses dois municípios vivem com 70% do tráfego que passa por nossas cidades todos os dias. Embora reconheçamos a necessidade dessa infraestrutura, gostaríamos que os governos se lembrassem dessas áreas rurais e despovoadas. Esta infraestrutura quebra o modo de vida dos nossos vizinhos e não há plano alternativo”denunciou o autarca, apelando às instituições para o seu envolvimento no desenvolvimento da zona.

Dois meses depois, Alanís confirma dois fatos. Como esperado, o tráfego na via urbana da cidade despencou. Eles não têm cálculos municipais, nem do ministério, mas estimar 80% menos tráfegoalgo inacessível para um município que vive há décadas da passagem de veículos. “Fuentes de Oñoro aos poucos está desaparecendo”garante o TRIBUNO em conversa telefônica, “e vai piorar”.

O problema é que o município sempre viveu da passagem de viajantes e agora, com a rodovia, ninguém é ‘obrigado’ a atravessar o centro da cidade e os negócios sofrem. Já aconteceu anos atrás com a abertura das fronteiras, mas agora o impacto está sendo mais forte. O prefeito acha que vai ser ainda pior porque “o hábito será perdido”.

A estação de serviço está atrasada

A segunda má notícia é que o tão esperado projeto da estação de serviço está parado. Tem uma empresa que ganhou o contrato, chegou a depositar a fiança, mas hoje está aguardando os laudos que homologam a concessão. Procedimentos pendentes o impedem. As obras, que levarão dois anos, ainda não foram iniciadas e a cada dia que passa a situação se complica para as pessoas que tinham suas esperanças depositadas em seu desenvolvimento para substituir seus negócios atuais. “É imperativo que isso aconteça”diz Alanis.

O projeto sofreu vários contratempos Apesar de ter sido declarado urgente em maio de 2019, o projeto foi licitado em 2020. Em fevereiro de 2021, foi declarado nulo porque nenhuma empresa interessada se apresentou.. No verão passado voltou a licitar e, no papel, está adjudicado desde agosto de 2021. Mas a realidade é que não há proposta oficial de adjudicação ou formalização do contrato. Está avaliado em 43 milhões de euros, vai criar uma centena de postos de trabalho e só as obras de construção vão representar 9,5 milhões de euros.

A nova área de atendimento é estratégica para o município. Tem acesso direto pelo corredor internacional da Autovía de Castilla A-62, por onde circulam atualmente mais de 2,5 milhões de veículos por ano; dos quais 40% são veículos pesados. Deste tráfego, estima-se que o número potencial de usuários seria entre 450.000 e 550.000 veículos por ano. O número potencial de usuários é de 9 milhões por ano e estima-se que entre 1,5 e 2 milhões de pessoas acessarão os serviços da área a cada ano.

Uma de suas grandes atrações será o reabastecimento de combustível. De acordo com estudos anteriores, os principais utilizadores deste corredor da A-62 são veículos particulares e profissionais de nacionalidade portuguesa. Muitos deles já param em Fuentes de Oñoro para reabastecer porque a gasolina e o diesel são 22% mais baratos do lado espanhol.

Chico Braga

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