A crise política atrapalhou o cronograma. O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, decidiu dissolver o parlamento e convocar eleições legislativas antecipadas para 10 de março, na sequência da demissão do primeiro-ministro socialista António Costa, que está envolvido num escândalo de corrupção.

O presidente agradeceu a António Costa a “sua disponibilidade” para continuar a liderar o governo até à tomada de posse de um novo primeiro-ministro. Marcelo Rebelo de Sousa optou por convocar eleições conforme solicitado pelos principais partidos de direita e de esquerda da oposição, enquanto os membros do conselho de estado não pareciam ser a favor, disse.

Os socialistas queriam impedir que as pessoas voltassem às urnas

No entanto, o chefe de Estado não aderiu à solução defendida pelos socialistas, que preferiram evitar eleições propondo um novo primeiro-ministro que governaria graças à maioria que têm no parlamento desde 2022.

“O país não precisava de voltar a ser chamado às urnas” num “contexto de grande incerteza internacional”, disse António Costa na noite de quinta-feira à chegada à sede do Partido Socialista, em Lisboa, acrescentando ter proposto o nome de Mário Centeno. , o atual governador do Banco de Portugal e ex-ministro das Finanças, assumirá o comando de um novo governo. Mas o presidente achou esta solução demasiado “frágil”. A decisão de convocar eleições no prazo de quatro meses permitirá também ao governo aprovar o Orçamento do Estado para o próximo ano, com votação final marcada para 29 de novembro.

Isto garantirá “uma estabilidade económica e social essencial” ao país, lembrou o presidente. O primeiro-ministro causou surpresa na terça-feira ao renunciar ao cargo após envolvimento em um escândalo de corrupção. Este caso já levou à acusação do ministro das Infraestruturas, João Galamba, e à detenção do seu chefe de gabinete, Vitor Escaria, exonerado na quinta-feira.