Perante uma preocupante seca de inverno, Portugal poderá ter de limitar a irrigação dos espaços verdes e a utilização de água para a limpeza das ruas nas regiões mais afetadas, disse quarta-feira o ministro do Ambiente.
A nação do sul da Europa enfrenta sua pior seca desde 2005, com a área sofrendo com secas severas ou extremas dobrando nas duas primeiras semanas de fevereiro para cobrir 91% do território, ameaçando as colheitas e o abastecimento de água.
No início deste mês, o governo ordenou que algumas hidrelétricas limitassem temporariamente o uso de água para geração de energia e irrigação, priorizando o consumo humano.
O ministro do Meio Ambiente, João Matos Fernandes, disse que é “muito provável” que mais medidas sejam introduzidas após reuniões em andamento entre a agência ambiental e os municípios afetados.
As regiões nordeste e sul foram particularmente afetadas e as condições climáticas secas devem continuar pelo menos até o final do mês, informou a agência meteorológica IPMA em um relatório.
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As temperaturas estão acima da média para esta época do ano e quase não chove.
“O que se pode fazer é pôr em prática novas medidas de restrição da utilização da água na agricultura e nas atividades urbanas”, disse Matos Fernandes, explicando que a rega dos espaços verdes, a varrição das ruas e a limpeza de alguns equipamentos poderão ser condicionadas.
O ministro disse que o governo destinará 5 milhões de euros de seu fundo ambiental para lançar campanhas de conscientização sobre o uso da água e implementar “medidas de emergência” para combater a seca.
Grupos ambientalistas afirmam que as secas do início deste ano deixaram de ser uma anomalia em Portugal e devem ser vistas no contexto das alterações climáticas. Nos últimos anos, esses períodos de seca muitas vezes levaram a grandes incêndios florestais no verão.