Portugal tem as maiores reservas de lítio da Europa e o oitavo no mundo de acordo com um relatório publicado em 2023 pelo US Geological Survey (USGS). O governo não cansa de apontar isso. Mas estes são “reservas” deduzidas, ou seja, simplesmente identificadas e não exploradas.
“Aqui em Portugal costumamos falar de quinto, sexto ou oitavo lugar, mas na realidade não temos nada”, enfatiza Carlos Leal Gomes, professor da Universidade do Minhoespecialista em lítio. “Não saberemos esse grau até começarmos a produzir lítio”, ele deixa claro.
No norte do país, perto da aldeia de Covas do Barroso, pôde ver a luz do dia a maior mina de lítio da Europa Ocidental. Este projeto, iniciado pela empresa britânica Savannah, consiste na exploração de pegmatitos litiníferos para a produção de concentrado de espoduménio, mineral utilizado na produção de lítio para baterias.
Uma batalha de números
“Vamos produzir cerca de 25.000 toneladas de hidróxido de lítio”, diz Dale Ferguson, CEO interino da Savannah. “Se quisermos trazer isso de volta aos carros, temos materiais suficientes para fabricar baterias para cerca de 500.000 novos veículos elétricos a cada ano”. ele explica.
Carlos Leal Gomes contesta estas avaliações. “Estes números são apenas indicativos nesta fase, uma vez que existem muito poucas reservas cujas estimativas são comprovadas.” ele diz. “Como potencial mina para a produção de concentrados de lítio, não tem nada de extraordinário, nem em quantidade de reservas nem em termos de minérios, sabendo que os minérios que tem não são os melhores,” ele indica. “Vão exigir muito trabalho técnico e tecnológico”, ele avisa.
“Nosso ponto de vista é completamente oposto”, diz Dale Ferguson de Savannah. “Gastamos vários milhões de dólares fazendo toda a pesquisa e podemos confirmar, graças a tudo isso e aos últimos 30 ou 40 anos de desenvolvimento em torno do espodumênio, que esse mineral pode ser removido da rocha de maneira muito eficaz: é um processo muito simples”, disse. ele insiste.
Moradores contra o vento
A população de Covas do Barroso, por sua vez, tem muita dificuldade em aceitar o projeto.
A Agência Portuguesa do Ambiente publicou uma avaliação favorável do seu impacto ambiental no final de maio, com algumas condições que Savannah deve respeitar, mas os residentes não estão convencidos.
“Não entendemos por que para poluir menos – produzindo lítio – devemos destruir as florestas, o meio ambiente, os cursos d’água e a vida das pessoas que vivem aqui.” pergunta Nelson Gomes, presidente da associação Unidos pela defesa de Covas do Barroso (Associado Unidos à Defesa de Covas do Barroso).
A associação diz que a batalha ainda não acabou e promete entrar na Justiça para parar o projeto de mineração.
“Criador. Totalmente nerd de comida. Aspirante a entusiasta de mídia social. Especialista em Twitter. Guru de TV certificado. Propenso a ataques de apatia.”