Um erro de justiça… faz com que o primeiro-ministro português se demita

António Costa tinha sido alvo da justiça portuguesa num caso de escuta telefónica envolvendo possível corrupção, era na realidade António Costa… Silva.
© Parlamento Europeu

Terça-feira, 7 de novembro, António Costa, primeiro-ministro português e líder do Partido Socialista, anunciou a sua demissão após ser acusado de corrupção e tráfico de influência. Menos de uma semana após a sua demissão, a justiça portuguesa anunciou que tinha cometido um erro na transcrição de uma escuta telefónica.

Um erro de nome

A justiça portuguesa revelou em meados de Novembro que a acusação do Primeiro-Ministro no caso do lítio era um erro. Com efeito, a justiça portuguesa admitiu ter cometido um erro na transcrição de uma chamada telefónica utilizada durante a investigação.

Na verdade, foi um telefonema de Diogo Lacerda Machado, próximo do primeiro-ministro, que queria influenciar o governo para conseguir um acordo. Durante esta chamada mencionou o nome António Costa, mas era o ministro da Economia, António Costa Silva, cujo nome é muito semelhante ao do primeiro-ministro, António Costa.

Diogo Lacerda Machado, então preso, percebeu esse erro de transcrição. Depois de reconhecer esta confusão, a Procuradora-Geral declarou não se sentir responsável pela demissão do Primeiro-Ministro. Além disso, segundo a justiça, este mal-entendido não altera em nada a situação política do país, e a demissão do primeiro-ministro continua válida, novas eleições serão realizadas em março de 2024.

Um caso de corrupção em grande escala?

Apesar deste erro judicial, o caso de corrupção continua importante no país e o nome de António Costa tem aparecido no caso e em recursos. Além disso, sua residência também foi revistada no início de novembro.

Esse erro causou muito barulho no país e gerou muitas críticas. O Ministério Público, que admitiu o seu erro, afirmou no entanto que esta má transcrição não teve qualquer impacto na continuação do processo, porque não é a transcrição que faz fé, mas sim a gravação. Além disso, o primeiro-ministro está envolvido noutras investigações, e já tinha estado no centro da “TAPgate” (companhia aérea portuguesa), no início de 2023. Este escândalo levou à demissão de numerosos ministros e secretários de Estado. Este novo caso ligado ao lítio e ao tráfico de influência continua a levar a demissões no governo português.

Por seu lado, António Costa Silva, ministro da Economia e dos Assuntos Marítimos, nega qualquer envolvimento no caso e afirma não ter tido contacto com Diogo Lacerda Machado, advogado e consultor. O Ministro da Economia e dos Assuntos Marítimos afirmou que não pretendia demitir-se, ao contrário do Primeiro-Ministro, que deixou o governo assim que o seu nome foi anunciado no caso da corrupção

No entanto, as provas desta investigação permanecem vagas e não permitem que o Primeiro-Ministro ou o Ministro da Economia sejam acusados, e as pessoas que foram detidas quando este caso eclodiu foram libertadas.

Uma posição difícil para o primeiro-ministro

O Primeiro-Ministro, António Costa, no poder há 8 anos, poderia pedir uma indemnização por este erro, mas de momento não o fez. Ele continua a negar o seu envolvimento neste caso, ao mesmo tempo que respeita a sua escolha de demitir-se e pede desculpa pelas ações das figuras do seu governo que são acusadas.

Este caso também tem impacto a nível europeu. Na verdade, esperava-se que António Costa fosse o sucessor de Charles Michel, à frente do Conselho Europeu.

Nicole Leitão

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