RIO DE JANEIRO (Thomson Reuters Foundation) – A chamada lista suja do Brasil, uma das armas mais poderosas do país contra o trabalho escravo, é legal e pode prosseguir, decidiu o Supremo Tribunal nesta segunda-feira.
Com a decisão, a lista de empresas e pessoas físicas apontadas por fiscais do trabalho como praticantes de trabalho escravo venceu uma contestação judicial de uma associação brasileira de incorporadoras imobiliárias.
As empresas da lista estão proibidas de receber empréstimos estatais, e ela é usada por bancos privados para avaliar o risco de crédito e por compradores internacionais preocupados com suas cadeias de suprimentos.
A ação movida pela Abrainc, associação imobiliária, argumentava que a lista só poderia ser criada por lei e não por decisão unilateral do governo brasileiro.
Na decisão, a maioria dos 11 ministros da corte decidiu que a criação da lista, segundo regras de publicação editadas em 2016, era constitucional.
“A existência de formas modernas de escravidão é diametralmente oposta a qualquer objetivo de uma sociedade que se pretenda democrática”, escreveu o ministro Edson Fachin, que votou a favor da lista.
A lista “permite o combate às práticas odiosas da escravidão moderna”, disse Fachin.
A lista é publicada pelo menos uma vez a cada seis meses.
A lista mais recente nomeou cerca de 150 empresas e indivíduos.
As empresas que o governo descobriu que usaram trabalho escravo são colocadas na lista por dois anos, após os quais são removidas se nenhum outro caso de escravidão moderna for descoberto.
Paula Nunes, advogada da Conectas, organização de direitos humanos sem fins lucrativos que defendeu a lista no STF, elogiou a decisão dos juízes.
“Eles destacaram como a lista suja está totalmente de acordo com as normas internacionais de proteção ao trabalho das quais o Brasil é signatário”, disse ela.
A decisão é uma vitória para os fiscais do trabalho brasileiros responsáveis pela compilação da lista, criada pela primeira vez em 2004.
“A decisão do STF é extremamente importante”, disse o inspetor do trabalho Mauricio Krepsky, chefe da Divisão de Fiscalização para a Erradicação do Trabalho Escravo.
“A criação de um cadastro de empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à de escravo é uma das iniciativas fundamentais do governo brasileiro para combater o trabalho escravo.”
Reportagem de Fabio Teixeira @ffctt; Edição por Ellen Wulfhorst. Dê crédito à Fundação Thomson Reuters, o braço de caridade da Thomson Reuters, que cobre a vida de pessoas em todo o mundo que lutam para viver de forma livre ou justa. Visita news.trust.org

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