quem pagará pelos danos?

Dois rebocadores equipados com mangueiras de incêndio são esperados na segunda-feira, 21 de fevereiro, nas ilhas dos Açores, uma possessão portuguesa aninhada no Oceano Atlântico. Sua missão: salvar o que resta do Felicity Aceum cargueiro do tamanho de dois campos de futebol, devastado pelas chamas desde 16 de fevereiro. A bordo, estariam 4.000 carros de luxo do grupo Volkswagen, entre Porsches e Audis de cilindrada inflada.

Se os marinheirosforam evacuados, a primeira equipe enviada para apagar o fogo desde 18 de fevereiro foi derrotada. Não é à toa que vários veículos transportados são equipados com baterias de lítio. João Mendes Cabeças, capitão do navio, também disse à Reuters que essas baterias “manter o fogo vivo”.

O armador responsável

Conter o fogo para evitar que o navio afunde e os carros acabem no fundo do oceano é uma prioridade para o armador, a japonesa Mol Ship Management. O salvamento do navio é feito sob sua responsabilidade.

→ CRÔNICA. Os oceanos para o bem de todos

Resta saber a quem o armador responderá em caso de poluição. Isso levanta a questão do Estado competente neste canto do globo. Três elementos para isso: o barco ostenta a bandeira do Panamá, o incidente ocorreu na Zona Económica Exclusiva (ZEE) de Portugal e, de momento, o armador afirma que não há águas poluídas. O tanque do navio, em particular, manteve-se firme.

Sob a tutela do Panamá

“A ZEE é uma zona de liberdade de navegação: desde que não haja risco de poluição, o Estado competente é o da bandeira, neste caso o Panamá”explica Odile Delfour, vice-diretora do Centro de Direito Marítimo e Oceânico de Nantes. “Se, por exemplo, o tanque do navio vazasse, com perigo para a costa portuguesa, o direito do mar permitiria a Portugal tomar medidas proporcionadas.»

Em todo o caso, o cargueiro foi cronometrado a 90 milhas náuticas (167 quilómetros) dos Açores no dia 16 de fevereiro. Desde então tem estado à deriva, embora guardado pela Marinha Portuguesa. Outros dois grandes rebocadores são esperados até o final da semana para rastrear o navio, assim que o fogo for extinto, até um porto seguro. Mas o que aconteceria se o navio continuasse à deriva e afundasse em águas internacionais, a 370 quilômetros da costa portuguesa?

Poucos riscos

“Em águas internacionais, a jurisdição é exclusivamente do Estado de bandeira.continua Odile Delfour. Existe a obrigação de não causar danos ao meio ambiente. Mas o Panamá não é conhecido por ser um estado muito vigilante nessa área. » Em outras palavras, neste casoimprováveldevido às manobras realizadas–, o armador pode escapar pelas frestas.

“Nessa hipótese em que o navio afundaria, é improvável que o Panamá se preocupasse se não responsabilizasse o armador, ela conclui. Em caso de violação do direito internacional, geralmente são aplicadas sanções indiretas: um navio é proibido de fundear em um porto ou os controles são reforçados para todos os navios que arvoram uma determinada bandeira…”

Isabela Carreira

"Organizador sutilmente encantador. Ninja de TV freelancer. Leitor incurável. Empreendedor. Entusiasta de comida. Encrenqueiro incondicional."

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *