Progresso das greves dos médicos; o Ministério da Saúde organiza novas reuniões

14 meses de “negociações” atingem o ponto crítico.

Depois de 14 meses em que as negociações poderiam ter ocorrido (mas a maioria não aconteceu), os médicos estão infinitamente mais próximos das greves que ameaçaram – e o Ministério da Saúde teria “marcado novas reuniões com os sindicatos” para a próxima semana.

Na situação atual, a FNAM – Federação Nacional dos Médicos – vai estar em greve Quarta e quinta-feira da próxima semana (5 e 6 de julho) e em outras datas em agosto na mira deles.

O SIM, sindicato independente dos médicos, disse que convocaria seus membros para greve em 25, 26 e 27 de julho – e também sugeriu outras datas em agosto.

A “notícia” do passado fim-de-semana no Correio da Manhã de que “ os médicos receberiam aumentos salariais de 30%” não pôde, no final, estavam mais longe da marca. Dá a impressão de que tudo o que tem sido oferecido aos médicos está cheio de ses, mas e talvez – e certamente não atende às reivindicações dos sindicatos.

Com a greve da FNAM agora “inevitável”, entende-se que a federação se reunirá com negociadores do Ministério da Saúde no dia 7 de julho (sexta-feira) E 11 (terça-feira). Até agora, a presidente da FNAM, Joana Bordalo e Sã, acusou-os de ” trate os médicos como biscoitos em uma fábrica criticando o plano de aumento salarial de acordo com um conjunto de critérios de produtividade

Se a greve da FNAM de agosto for confirmada, disse ela aos repórteres terá lugar na semana em que se realiza o evento da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa (ou seja, numa época em que tudo espera-se que os serviços públicos sejam levados ao limitese eles ainda não quebraram…)

Ambos os sindicatos estão no limite da frustração. Como salientou Bordalo e Sã, demorou 14 meses de hesitação do governo para chegar a este ponto crítico. E aos médicos basta fazer uma proposta, diz ela, “que parece um rascunho…” (muito provavelmente, é o mesmo rascunho que o Correio da Manhã viu no fim-de-semana passado). Tem muitas partes com as quais os médicos discordam (especialmente na medida em que “deixa para trás os médicos internos”, pelo que a primeira reunião de sexta-feira vai centrar-se na contra-proposta da FNAM).

“Já não temos alternativa”, disse ontem Bordalo e Sã. “Esperávamos levantar (o nosso aviso de greve) se este projeto, que é um acordo de princípio, tivesse acolhido algumas das nossas reivindicações. (Mas) nem sequer são considerados, e as medidas não protegem os médicos, nem os médicos mais jovens”.

Quando perguntado sobre o que seria necessário para mudar a posição da FNAM, Joana Bordalo e Sá disse que “todos os médicos deveriam ser contemplados com um aumento salarial real (…) Só está previsto um aumento salarial se os médicos produzirem mais, mas os médicos não trabalham como numa fábrica. Eles trabalham em um centro de saúde ou hospital e atendem pacientes, tratam-nos e ajudam-nos. Você não pode usar métodos de produção nesta área”ela repetiu.

SIM sente exatamente o mesmo. Aliás, pediu à FNAM que se juntasse à greve de 26 de julho, refere a Lusa.

Mas essas últimas datas de greve são apenas parte de um verão de verdadeiras convulsões no setor de saúde pública. Há um “calendário de greves”, explica à Lusa “em várias modalidades e regiões, que começa 24 de julho com uma greve de horas extras nos centros de saúde e termina 21 de setembro com uma greve na região norte”.

Os estagiários médicos também estão organizando uma greve de dois dias em 16 e 17 de agosto (após o feriado de 15 de agosto)

Lembre-se do verão passado, quando o o chefe da direção-geral da saúde disse aos portugueses que se preparam para as férias anuais de verão: “Agosto é um mês muito mau para adoecer”… Pois bem, este ano o seu conselho parece valer para os meses de julho, agosto e setembro…

A “próxima reunião” do Ministério da Saúde com o SIM está marcada para esta quarta-feira, altura em que os colegas da FNAM iniciam já o primeiro dia de greve de dois dias.

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Isabela Carreira

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