Portugal: Solidariedade com Mamadou Ba

Mamadou Ba, líder e porta-voz da associação portuguesa SOS Racismo, é uma voz ativa no debate público sobre as origens e realidades do racismo e faz parte de uma geração de ativistas negros que analisam a responsabilidade colonial do país e as suas consequências duradouras. Sua notoriedade pública o tornou alvo de organizações de extrema-direita e muitas vezes é ameaçado por elas. Ele precisa da sua solidariedade!

Mamadou Ba é um ativista antirracista de ascendência senegalesa que vive e trabalha em Portugal há 25 anos, dos quais obteve a nacionalidade. Atualmente cursa doutorado em uma universidade norte-americana. Mamadou Ba, líder e porta-voz da associação portuguesa SOS Racismo, é uma voz ativa no debate público sobre as origens e realidades do racismo e faz parte de uma geração de ativistas negros que analisam a responsabilidade colonial do país e as suas consequências duradouras. Seus cargos públicos o tornam alvo de organizações de extrema-direita e muitas vezes ele é ameaçado por elas. Por causa dessas ameaças, ele já teve que viver sob proteção policial.

O que está acontecendo ?

Em 27 de outubro, o juiz português Carlos Alexandre julgou uma queixa por difamação e injúria apresentada pelo neonazista Mário Machado contra o ativista antirracista Mamadou Ba. Isso significa que Mamadou Ba será levado a tribunal por suposta difamação e insultos contra o neonazista e supremacista branco Mario Machado.

Em 2020, o neonazista Mário Machado acusou Mamadou Ba de chamá-lo de Alcindo Monteiro “assassino de aluguel”. Alcindo Monteiro era um jovem negro português nascido em Cabo Verde que foi assassinado em 1995 por um grupo de skinheads neonazistas. Mário Machado foi um dos integrantes do grupo que matou Alcindo Monteiro.

A acusação do Ministério Público português, assumida pelo desembargador Carlos Alexandre, que decidiu levar o ativista antirracista à justiça, coloca a seguinte questão: “Pode uma pessoa ficar fascinada toda a sua vida imputando-lhe a participação, a qualquer título, em um assassinato, cujo ato já foi levado perante o tribunal e foi objeto de um julgamento completo e o assunto é de uma decisão da Suprema Corte, onde ela é absolvida desse crime em particular, mas condenada por outro? E chama isso de liberdade de expressão? » O juiz afirma ainda, dirigindo-se a Mamadou Ba: “O que não pode é substituir os tribunais e invocar o direito à liberdade de expressão. »

O neonazista exige indenização por danos morais.

O que pode acontecer em uma ação judicial?

De acordo com o Artigo 180º do Código Penal Português sobre Injúria (e Crimes de Honra): “Quem, dirigindo-se a terceiro, imputar a outrem, ainda que sob a forma de suspeita, facto, ou sobre ele formular juízo lesivo da sua honra ou consideração, ou reproduzir tal imputação ou juízo, é punido com pena de prisão multa até 6 meses ou multa até 240 dias.”

Da mesma forma, o artigo 181.º do Código Penal, injúria (crimes contra a honra), dispõe: “Quem insultar outrem, imputando-lhe factos, ainda que sob a forma de suspeita, ou dirigindo-lhe palavras, insultando a sua honra ou a sua consideração, é punido com pena de prisão até 3 meses ou multa até 120 euros.»

Dada a jurisprudência portuguesa, esperamos que o possível cenário de condenação seja uma multa.

No entanto, […] a chance de Mamadou ser condenado é maior do que a chance de ser absolvido. Isso significaria uma vitória moral e política do fascismo sobre a luta antirracista e a confirmação do viés racista institucional da magistratura portuguesa.

Publicado quarto.internacional.org

Você pode mostrar seu apoio enviando um pequeno vídeo, áudio ou declaração escrita para: [email protected].

Alberta Gonçalves

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