Portugal mergulhou numa crise política

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É um retrocesso político para o governo do socialista Antonio Costa em Portugal. Seu projeto de finanças para 2022 não foi votado pelos deputados, pois a extrema esquerda se recusou a apoiar o chefe de governo.

Do nosso correspondente em Lisboa,

O Partido Comunista e o Bloco de Esquerda, um pequeno partido de extrema esquerda, decidiram votar contra o orçamento do Estado para o próximo ano. Os socialistas, que não têm maioria no Parlamento, encontram-se assim impossibilitados de permanecer no governo. Os partidos de extrema-esquerda mantiveram suas posições até o fim, exigindo mais no plano social e econômico, em termos de direitos trabalhistas, aposentadorias, saúde e educação.

Estes dois partidos, PCP e Bloco de Esquerda, juntaram-se aos socialistas em 2015 para formar uma espécie de união de esquerda à portuguesa, inédita em mais de quarenta anos de democracia no país. Uma união não renovada em 2019 durante as segundas eleições legislativas vencidas pelos socialistas. A tensão havia piorado, e desta vez o divórcio foi declarado.

Rumo às eleições antecipadas

O Presidente da República, o curador Marcelo Rebelo de Sousadisse há dias que se o orçamento do Estado não fosse aprovado, seria obrigado a dissolver a Assembleia e convocar eleições antecipadas, quando estamos a meio do segundo mandato do Primeiro-Ministro António Costa. Este último havia avisado que não renunciaria. Cabe, pois, ao Chefe de Estado decidir sobre o seguimento a dar a esta crise política. O Presidente da República manobrou fazendo-se de intermediário para evitar a tensão da situação, mas foi perda de tempo.

Leia também: Em Portugal, o governo na berlinda antes da votação do orçamento de 2022

Este é o segundo revés político recente de Antonio Costa, com a perda do prefeito de Lisboa após as eleições municipais de outubro passado. Para surpresa de todos, foi o candidato do Partido Social Democrata, partido de direita, principal partido da oposição, quem ganhou a Câmara Municipal, considerada a 3ª.e O cargo político mais importante de Portugal depois de chefe de governo e presidente da Assembleia Nacional. Uma situação que deu impulso à direita, que era apenas uma sombra de si mesma.

Estreita margem de manobra para Costa

Antonio Costa tem meios para sair do impasse? Os socialistas galgaram a liderança nas últimas eleições municipais, apesar da queda de algumas câmaras municipais, incluindo Lisboa. Eles, portanto, continuam sendo os favoritos em uma nova eleição legislativa. E a nível pessoal, António Costa goza de um bom índice de popularidade.

Mas o risco principal é o de não voltar a conquistar a maioria absoluta na Assembleia Nacional e, portanto, de se encontrar na mesma situação em que se encontra. Com uma extrema esquerda que continuará exigindo mais progresso social e, além disso, uma direita que sobe a ladeira e aguça seus argumentos para voltar ao poder. Costa, que sente que abriu mão de muito, tem pouco espaço de manobra. Portugal pode estar a entrar num ciclo de crise política que faria bem.

Chico Braga

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