Portugal abole IVA sobre produtos alimentares básicos

Para combater a inflação, Portugal optou por introduzir um IVA de “taxa zero” sobre os bens de primeira necessidade.

Tal como a França, Portugal enfrenta um aumento generalizado dos preços em todos os setores. Em outubro passado, a inflação atingiu 10,1% em um ano: inédito por 30 anos. Para aliviar o peso das famílias mais pobres, o governo socialista português anunciou uma série de medidas em resposta a esta crise. A mais emblemática delas é, sem dúvida, a introdução de um IVA de “taxa zero” sobre um conjunto de produtos alimentares básicos. “Queremos que esta medida conduza à redução” e à “estabilidade de preços”, justificou sexta-feira o ministro das Finanças, Fernando Medina. Acrescentou ainda que as negociações em curso com os sectores de produção e distribuição de alimentos deverão estar concluídas na próxima semana.

Além desta abolição do IVA nos bens alimentares essenciais, Portugal vai aumentar os apoios sociais às famílias mais modestas a partir de abril, para 30 euros por mês e 15 euros por criança. Por fim, os 740 mil funcionários públicos do país vão beneficiar de um “extraordinário” aumento salarial de 1% e de um aumento do subsídio de refeição. O Executivo financiará essas medidas graças ao espaço fiscal liberado no ano passado, com o déficit público reduzido para 0,4% do PIB. O IVA de 0% sobre as necessidades básicas não é o primeiro na Europa. No início de janeiro, a Espanha anunciou que “o IVA cairá de 4% para 0% para todas as necessidades básicas por seis meses”. Pão, leite, queijo, frutas, legumes e cereais estão entre os produtos afetados.

Uma medida complicada de implementar na França

Essa medida tão popular seria possível na França? Como lembrado Le Figaroas taxas reduzidas são “fixadas numa percentagem da matéria coletável que não pode ser inferior a 5”, de acordo com o artigo 99 de uma diretiva europeia publicada em 2006. “Cada estado membro da UE tem a opção de aplicar uma determinada taxa (ou fortemente reduzida) a determinados produtos ou serviços. Mas a França, onde essa taxa é de 2,1%, decidiu aplicá-la a medicamentos que são reembolsados ​​pela segurança social, de acordo com imprensa, ou mesmo à taxa de licenciamento audiovisual”, acrescenta o jornal. É claro que se nada for impossível, a transição para uma taxa de IVA de 0% seria juridicamente muito complicada.

O jogo vale a pena? De acordo com um estudo recente de Asteres, a passagem de uma taxa de IVA de 5,5% para 0% teria um impacto limitado nas nossas carteiras. “O resultado seria um lucro de 133 euros para os lares franceses, ou um aumento do poder de compra de 0,3%”, reconhece o gabinete de estudos económicos.

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Alberta Gonçalves

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