A pequena cidade de Portugal é famosa por suas ondas gigantes, que podem chegar a 30 metros de altura. Uma visão longe do comum.
A cada ano, o espetáculo cativa tanto pela beleza quanto pela intensidade. Entre outubro e março, o ondas gigantes da Nazarépara Portugal, surpreendem milhares de turistas e incentivam os surfistas a enfrentar todos os riscos. Algumas ondas da Praia do Norte têm sido alvo de divulgação inédita, como a surfada pelo alemão Sebastian Steudtner em 2020, com 26,2 metros de altura.
Mas o que se esconde por trás desse esplendor natural? Um fenómeno geológico: o canhão da Nazaré. É um gouf, ou seja, um desfiladeiro subaquático ainda ligado à costa. Na França, a de Capbreton, nos Landes, se baseia no mesmo princípio. No entanto, só esta especificidade geológica não é suficiente para explicar estas ondas gigantescas, algumas das quais podem atingir os 30 metros de altura. Explicação com dois cientistas da Legoo Laboratório de Estudos de Geofísica e Oceanografia Espacial.
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Diferentes fenômenos no trabalho
Se esses swells forem mais facilmente observados entre Outubro e Marchar, é devido às tempestades de inverno que ocorrem no Oceano Atlântico Norte, desencadeando uma série de fenômenos. Começar com, “As tempestades precisam se mover na velocidade das ondas para que sejam tão grandes quanto possível no mar”explica Patrick Marchesiello, pesquisador-oceanógrafo e diretor de pesquisa da Legoque depende do Instituto de Pesquisas para o Desenvolvimento (IRD).
Posteriormente, ocorrerá um primeiro fenômeno de amplificação ao nível do próprio cânion. “Quanto mais longo o swell, ou seja, gerado de longe, mais sensível ele será a esse relevo subaquático”, completa Rafael Almar, também diretor de pesquisa do IRD na Legos. O processo será mais eficiente se as ondas vierem do noroeste. Essa boa orientação afetará posteriormente a refração, o que causa uma curvatura específica das ondas.
“Se você jogar uma pedra na água, uma onda é criada e vai embora enquanto diminui do local onde você jogou a pedra. O oposto está acontecendo aqui.”, expõe Patrick Marchesiello. Com a refração, os raios convergirão nas faixas do cânion. “Quando as ondas encontram o fundo do cânion, a velocidade diminui. A energia gerada pela velocidade será transferida e manifestada pela altura”, sublinha Rafael Almar. As ondulações irão, portanto, adotar uma curvatura extrema para poder emergir do golfo, o que resulta em um segundo fenômeno de amplificação. “Haverá interferência com as ondas que não foram refratadas e que sempre vêm do noroeste: isso é interferência construtiva”, continua Patrick Marchesiello. Todos estes elementos combinados vão criar as famosas ondas da Nazaré.
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Ondas imprevisíveis
“Ali também há outra especificidade: o planalto é relativamente estreito. Na verdade, as ondas chegam sem se dissipar, com muita energia., explica Rafael Almar. E para quem gosta de surfar nestas ondulações extraordinárias, acrescenta-se mais uma condição: o vento. “O Graal é ter um vento de terra, que sopra em direção ao mar. Isso cria ondas muito bonitas”completa o cientista.
Mas cuidado, mesmo que as condições meteorológicas estejam reunidas, o espectáculo nunca está totalmente garantido. É claro que é possível prever a chegada dessas grandes ondas com vários dias de antecedência. No entanto, é difícil saber exatamente o tamanho deles. “Às vezes prevemos grandes ondas e elas são menos importantes do que o esperado”, adverte Patrick Marchesiello. Uma incerteza que faz todo o encanto das ondas da Nazaré.
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