“Graças a estes depoimentos, temos uma rede de vítimas muito maior, calculada em um mínimo de 4.815 vítimas”afirmou o coordenador desta comissão de peritos, o psiquiatra infantil Pedro Strecht, durante a apresentação do seu relatório final em Lisboa.
A grande maioria dos crimes denunciados já foram prescritos, mas vinte e cinco depoimentos foram repassados ao Ministério Público, especificou. No final de 2021, a hierarquia da Igreja portuguesa encarregou o Sr. Strecht de formar uma equipa para fazer um balanço do fenómeno da criminalidade infantil no seu seio. O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, Bispo de Leiria-Fátima José Ornelas, deverá responder na noite de segunda-feira.
Os bispos portugueses também planearam reunir-se no início de março para tirar conclusões do relatório independente “remover esta praga tanto quanto possível da vida da Igreja”declarou em janeiro o secretário da Conferência Episcopal, padre Manuel Barbosa.
“Reconheça os erros do passado”
Em Abril de 2022, o Cardeal Patriarca de Lisboa e maior prelado da Igreja portuguesa, Manuel Clemente, disse estar pronto para “Reconheça os erros do passado” e para “pedindo perdão” às vítimas. Ele assistiu à apresentação do relatório da comissão independente na segunda-feira. Confrontado com milhares de casos de violência sexual cometidos por padres vindos à luz em todo o mundo e com acusações de encobrimento por parte de membros do clero, o Papa Francisco prometeu em 2019 uma “batalha total” contra o crime infantil dentro da Igreja.
Antes de Portugal, vários países já tinham tentado fazer um balanço deste fenómeno. Em França, quase 216 mil crianças foram vítimas de abuso sexual entre 1950 e 2020. Na Alemanha, a Igreja Católica Alemã relatou 3.677 vítimas de abuso sexual infantil, por pelo menos 1.670 clérigos, entre 1946 e 2014, um número descrito como “ponta do iceberg”. Outros países como Irlanda, Alemanha, Austrália e Países Baixos também são afetados.
(Com AFP)
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