O Parlamento português voltou a aprovar na sexta-feira, 31 de março, uma lei favorável à descriminalização da eutanásia, reformulada depois de contestada pelo Tribunal Constitucional, que vai agora ser submetida à apreciação do presidente conservador Marcelo Rebelo de Sousa.
O projeto de lei, que até agora esbarrou nas reticências do Presidente e do Tribunal Constitucional, foi aprovado pelo Parlamento pela quarta vez em três anos, graças aos votos da maioria socialista.
Nas mãos do presidente
O texto será submetido ao Chefe do Estado, católico devoto e ex-professor de Direito. Ele pode promulgá-lo, ou submetê-lo novamente ao exame do Tribunal Constitucional para verificar sua conformidade com a lei fundamental do país, ou vetá-lo, como já fez no passado. .
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A nova versão da lei introduz uma novidade para responder às questões colocadas pelo Tribunal Constitucional. A eutanásia é permitida apenas nos casos em que “suicídio medicamente assistido é impossível devido à incapacidade física do paciente”afirma o texto aprovado na sexta-feira.
“Intolerável imprecisão”
O Tribunal Constitucional, acionado pelo Chefe de Estado, rejeitou pela segunda vez em janeiro um anterior texto da lei, apontando para uma “indefinição intolerável” na sua redacção, devolvendo-o novamente ao Parlamento. Os juízes do tribunal consideraram em particular que o texto não definia claramente o “grande dor” pode abrir caminho para um “morte medicamente assistida”.
O legislador “foi testado como nunca antes … é a lei mais testada que podemos lembrar”disse a deputada socialista Isabel Moreira, uma das principais vozes a favor da descriminalização da eutanásia, durante o debate perante os deputados.
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A Associação dos Médicos Católicos manifestou, por sua vez, em comunicado de imprensa, a sua “forte oposição” a esta lei considerando que “eutanásia e suicídio assistido por médico… não são atos médicos”.
Na esteira da Bélgica e da Holanda, um punhado de países europeus, como a vizinha Espanha, até agora legalizou a eutanásia.
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