A primeira frase da letra do hino português, Em Portuguesa (“Os Portugueses”), é exibido na primeira página do jornal Em Bola, Segunda-feira, 9 de outubromas ligeiramente modificado para a ocasião: “Heróis do mar, nobres lobos” – em vez de “gente nobre” –, lê-se na manchete do mais lido dos três diários desportivos do país. Na véspera, os jogadores portugueses de rugby criaram o feito ao vencerem o seu “primeira vitória na Copa do Mundo” contra Fiji (24-23) em Toulouse.
Extremamente raro, não são as notícias de futebol que dominam a primeira página doNa bola, mas o do rugby. O destino da partida foi decidido nos últimos momentos, com último tento do ala Rodrigo Marta aos 78e minuto. O jornal escolheu uma fotografia do jovem médio-mosca Jerónimo Portela, encantado nos braços do adereço David Costa. Os dois internacionais também são companheiros no clube GD Direito, equipa amadora de Lisboa. O próprio pai de Jerónimo Portela, Miguel Portela, participou no primeiro Mundial de Rugby de Portugal, em 2007, já organizado em França.
No resumo, um dos diretores do jornal, Alexandre Pereira, faz um balanço do que a seleção portuguesa, última convidada surpresa da Copa do Mundo e metade formada por amadores, conseguiu: “O dia 8 de outubro de 2023 ficará para sempre gravado na história do desporto português. Em Toulouse, os nobres Wolves despediram-se do Mundial de Rugby na fase de grupos, claro, mas ao vencer com dignidade uma das oito equipas que vão disputar os quartos-de-final da competição.
Os fijianos vão mesmo enfrentar os ingleses no dia 15 de outubro. Os portugueses, por sua vez, emocionaram a torcida ao longo do torneio, entregando diversas partidas “sensacional”nomeadamente contra a Geórgia (18-18), eterna rival, que finalmente ultrapassou no ranking, ou contra a Austrália (34-14).
Além disso, eles entregaram “a melhor atuação da história na despedida de Patrice Lagisquet”sublinhadas Na bola. O francês, que se tornou treinador do Wolves em 2019 com o objetivo de se classificar para esta Copa do Mundo, anunciou que deixaria o cargo. O antigo treinador adjunto do XV francês (2012-2015) contribuiu muito para o desenvolvimento do rugby português. E talvez para dar à luz uma nova nação do rugby num país onde, mais uma vez, o futebol esmaga tudo.
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