O calor extremo que prevalece atualmente na Espanha e na França ilustra a multiplicação das ondas de calor na Europa, consequência direta do aquecimento global.
As emissões de gases de efeito estufa aumentam a força, a duração e a taxa de repetição das ondas de calor, dizem os cientistas.
Lembrete das grandes ondas de calor que afetaram a Europa desde o início do século XXI:
– Verão 2021: Grécia e Espanha –
Do final de julho ao início de agosto de 2021, a Grécia está passando por uma intensa onda de calor, descrita como a “pior onda de calor desde 1987” pelo primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis, com temperaturas máximas em torno de 45°C.
A seca e o calor alto causam simultaneamente grandes incêndios em todo o Mediterrâneo: na Grécia, Turquia, Itália e Espanha.
Entre 11 e 16 de agosto, uma intensa onda de calor afetou grande parte da Espanha, com temperaturas superiores a 45°C nas regiões da Andaluzia e Múrcia (sul) chegando a 47°C, segundo a agência meteorológica nacional Aemet.
– Duas ondas em 2019, temperaturas recordes –
O verão de 2019 foi marcado por duas ondas de calor na Europa, no final de junho e na segunda quinzena de julho.
Esses dois episódios teriam causado a morte de 2.500 pessoas, segundo uma estimativa do centro de pesquisas CRED da Universidade de Louvain (Bélgica).
Um pico histórico de calor foi atingido na França em 28 de junho em Vérargues (Hérault, sul) com 46°C.
Nos dias 24 e 25 de julho, Holanda, Bélgica, Alemanha e Reino Unido registraram temperaturas recordes: 42,6°C em Lingen (noroeste da Alemanha), 41,8°C em Begijnendijk (norte da Bélgica), 40,4°C no sul da Holanda e 38,7°C em Cambridge (leste da Inglaterra).
– 2018: calor, seca e incêndios –
A segunda quinzena de julho e o início de agosto de 2018 são marcados na Europa por temperaturas muito altas e por uma seca intensa que baixa o nível de rios, como o Danúbio na Europa Central.
O período foi especialmente marcado por incêndios florestais destrutivos em Portugal e Espanha.
– 2017: incêndios e temperaturas extremas –
Várias ondas de calor afetam a Europa, desde o final de junho até a primeira quinzena de agosto, principalmente no sul do continente.
Uma seca persistente provoca grandes incêndios florestais, por vezes mortais, em Portugal.
A Espanha registra altas temperaturas entre 12 e 14 de julho, em particular um pico de 46,9°C em Córdoba (sul) em 13 de julho, segundo dados da Aemet.
– 2015: onda de calor precoce –
A Europa foi atingida precocemente por uma série de ondas de calor, a partir do final de junho. A Inglaterra registrou um pico de 36,7°C no início de julho.
Na França, quatro ondas de calor durante o verão de 2015 causaram um total estimado de 1.700 mortes, de acordo com um estudo da agência de saúde Public Health France publicado em abril de 2019.
– 2007: Europa Central e do Sul –
Um longo período quente e seco cai do final de junho até o final de julho nos países da Europa central e do sul do continente.
A Hungria lamenta mais de 500 mortos, enquanto Itália, Macedônia e Sérvia são afetadas por vários incêndios florestais.
– 2003: milhares de mortes –
A Europa Ocidental, particularmente França, Itália, Espanha e Portugal, experimenta temperaturas excepcionais na primeira quinzena de agosto.
A 1 de Agosto de 2003, Portugal registou um pico de calor com uma temperatura recorde de 47,3°C na Amareleja (sul).
Pessoas vulneráveis ou isoladas sofrem particularmente. Na França, os serviços de emergência recebem um influxo de idosos em perigo.
Trabalho científico financiado pela UE mais tarde estimou que 70.000 mortes adicionais em 16 países europeus durante o verão de 2003 foram devido ao calor.
Os números mais altos são para a França e a Itália, com entre 15.000 e 20.000 mortos nos dois países, de acordo com diferentes estudos.
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