O grande arquivo RMC Sport (parte 2)

DOSSIÊ RMC Sport – Perante a instabilidade e engano que caracterizou o D2 português dos anos 90, Luís Campos é um treinador muito jovem que tenta defender a sua filosofia e que enxuga as suas primeiras lágrimas.

A 31 de Janeiro de 1993, o União de Leiria deslocou-se ao relvado do Feirense. Com uma nova cara no banco. Amândio Barreiras foi desembarcado e é seu adjunto a quem é confiado o comando da primeira equipa. Aos 29 anos, Luís Campos prepara-se para liderar o seu primeiro jogo profissional. E para vencê-lo (2-1). Seu recorde (seis vitórias, quatro empates, sete derrotas) não é famoso, mas nada infame por tudo isso. Especialmente não para um iniciante. A União, que vegeta em D2 há mais de dez anos, terminou pela segunda vez consecutiva em oitavo lugar.

No início do exercício seguinte, após quatro dias – dois empates e duas derrotas – o jovem técnico foi dispensado. O impaciente presidente, João Bartolomeu, chega a Campos para trazer Manuel Cajuda que… será promovido nessa época. Qual teria sido o seu destino (e o da UDL) se Luís Campos tivesse sido contratado? “Lembro que foi uma das raras vezes no futebol em que chorei, confidenciou em 2005 ao Jornal de Leiria. Mas estou orgulhoso por ter construído uma equipa que levou o União de Leiria à Primeira Divisão”. De qualquer forma, está feito, o LC é lançado. Aproveita o período sabático para multiplicar os estágios com outros treinadores mais qualificados e afinar o seu conhecimento e metodologia de treino e jogo.

Entre Esposende e Aves

Em 1995-1996, Luís recuperou-se, em casa. Treinador empossado do Esposende na 2a Divisão B (terceiro escalão), terminou em quinto no campeonato, pelo que era então a melhor prestação da história do clube. Campos – que tem o segundo melhor ataque do seu grupo – é convocado ao mais alto nível. Em D2, começou por dirigir o CD Aves com quem terminou em oitavo na 2a Divisão de Honra 1996-1997. Chegou especialmente aos oitavos da Taça de Portugal, onde arrastou o Benfica de Preud’homme, Valdo, Panduru ou João Vieira Pinto até ao prolongamento. No Aves, lançou notavelmente a carreira do futuro médio do Sporting ou OM, José Delfim. A temporada seguinte é mais complicada. Em fevereiro de 1998, a equipe ficou presa na parte inferior da classificação; tem um sucesso em nove jogos da liga. Campos sai.

Quando regressou o verão, regressou à AD Esposende. O clube da sua juventude acaba de subir para a segunda divisão, tendo nas suas fileiras um jovem médio formado no Boavista, nascido em Estrasburgo e apelidado de “Petit”. Campos batiza aquele que se tornará (entre outros) campeão de Portugal com o Axedrezados, Benfica e que vai homenagear 57 internacionalizações por Portugal. Depois de 14 dias e enquanto tem uma vantagem confortável sobre o rebaixado, o natural de Fão sai, depois de uma vitória sobre o… Aves (2-1).

Leça, “o sonho se foi”

O Natal aproxima-se e Luís Campos acaba de receber um telefonema do Leça FC. O clube localizado nos subúrbios do Porto tem apenas uma ideia em mente: encontrar a elite. O mais rápido possível. Leça está no centro das notícias portuguesas. A equipe terminou em 12º na Primeira Liga de 1997-98, mas foi rebaixada administrativamente após o caso de Guímaro. Guímaro é um árbitro cujo cheque de seis dígitos foi encontrado e cuja assinatura era a de Manuel Rodrigues, presidente do Leça FC. Ao fim de um imbróglio midiático-judicial, o clube foi rebaixado para D2.

Quando Campos desembarca, o Leiceiros são 11º de D2. Apático. O fogoso Luís vai fazer dele uma máquina de marcar. Em 20 jogos do campeonato sob o seu comando, o Leça colocará 40 peões. Suas intenções são claras. Hélder Noverça e Fran estão entre os melhores marcadores da época. Mas o atraso é muito grande e o LC não pode fazer melhor do que o sexto lugar na classificação (desde então o clube nunca fez melhor e perdeu-se nas divisões inferiores do futebol português). “O nosso sonho acabou, mas terminamos de cabeça erguida”, disse. O D2 português é uma selva, comendo carruagens. E Campos vai procurar em outro lugar.

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Chico Braga

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