Após as eleições antecipadas em Portugal, em 10 de Março, o país poderá estar num ponto de viragem no que diz respeito à formação de um governo, dado o avanço da extrema direita, da qual todos os outros partidos prometem manter-se afastados.
Embora Portugal tenha sido governado pelo Partido Socialista (afiliado ao grupo dos Socialistas e Democratas Europeus) durante oito anos, a maioria das sondagens prevê que o país vai balançar para a direitacom a vitória da Aliança Democrática (AD), uma coligação entre o Partido Social Democrata (PSD) e o Partido Democrático e de Centro Social (CDS-PP) – ambos membros do Partido Popular Europeu.
Desde o estabelecimento da democracia em Portugal, em 25 de abril de 1974, o poder tem-se alternado entre os socialistas e os social-democratas, sozinhos ou em coligação. No entanto, este padrão eleitoral estabelecido parece estar agora a ser testado pela ascensão do partido de extrema-direita Chega (“Já chega”), que, segundo todas as sondagens, deverá duplicar ou até superar os 7,2% alcançados em 2022.
Se as sondagens se revelarem correctas, Portugal poderá entrar num período de grande instabilidade política, a menos que sejam quebradas as promessas feitas durante a campanha eleitoral de permitir a aproximação entre a direita democrática e a extrema-direita, com vista a encontrar uma solução para um governo maioritário.
Luís Montenegro (PSD), líder da coligação de direita, rejeita qualquer possibilidade de chegar a acordo com o partido Chega de André Ventura, em que repete uma posição que dificilmente mudará após as eleições: “não é não”.
O líder da coligação de centro-direita só aceitará um acordo com os liberais do partido de Rui Rocha, que obteve 4,9% dos votos nas últimas eleições nacionais, pelo que não governará em caso de derrota.
No entanto, o senhor Montenegro recusa-se a dizer o que fará se a esquerda como um todo conseguir um resultado melhor do que o da chamada direita democrática, apesar dos sucessivos desafios do secretário-geral socialista, Pedro Nuno Santos.
Apesar da forte rejeição do Montenegro a uma coligação com a extrema direita, alguns analistas acreditam que o PSD não perderá a oportunidade de regressar ao poder depois de oito anos à margem, mesmo que tenha de chegar à extrema direita.
Pedro Magalhães, cientista político, disse ainda a RTP que “Discurso político é uma coisa, prática é outra”comentando um possível acordo entre a direita democrática e a extrema direita.
“Os partidos de direita radical não são tão difíceis de entender porque são partidos que têm poucos temas, que se concentram em questões como ‘lei e ordem’, ‘imigração’ e que de outra forma mostram uma flexibilidade espetacular »disse o senhor Magalhães.
Portugal poderá assim juntar-se a estes países, como França, Itália e Países Baixos, a partir de 10 de março, onde a extrema direita poderá abalar o governo.
[Édité par Anne-Sophie Gayet]
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