O ciclismo português procura o seu Cristiano Ronaldo

Panorâmico

O ciclismo português não tem direito às mesmas manchetes que o futebol, embora possa orgulhar-se de um título de campeão mundial que nem Cristiano Ronaldo pode reivindicar.

Foi assim que, em 2013, Rui Costa obteve a consagração suprema na estrada em Florença, sem alcançar a notoriedade do seu homónimo, selecionado 93 vezes para a seleção portuguesa de futebol. A história do Tour de France lembra os nomes de Joachim Agostinho, duas vezes terceiro na prova, Acácio Da Silva, vencedor de três etapas e camisola amarela de curta duração em 1989, e claro, Rui Costa, também vencedor de três etapas em 2011 e 2013. Apesar disso, o ciclismo permanece à sombra do futebol, mas também do atletismo, onde Portugal tem colhedo grandes louros, graças em particular aos maratonistas Carlos Lopes e Rosa Mota, ou ao triplo saltador Nelson Évora.

Durante muitos anos, os corredores portugueses contentaram-se em correr em casa porque o prémio em dinheiro era bom e isso bastava para eles. Não havia vontade de dar o próximo passo e ir para o exterior“, explica José Azevedo, diretor desportivo da equipa Katusha, ele próprio quinto colocado no Tour de 2004. “Muito poucos de nós experimentamos a experiência de ir para o estrangeiro, mesmo que Agostinho, Da Silva ou eu tenhamos criado vocações“, ele adiciona. Mas o ciclismo Lusitano tem sofrido não só com a pequena dimensão do país, mas também com a crise económica que assola o país. “Existem algumas equipas de nível Continental em Portugal, mas nenhuma de nível Continental Pro. Claro que seria o sonho ter uma equipa do World Tour, mas somos um país pequeno, que levou de frente a crise económica de 2008, o que não facilita a chegada de patrocinadores.», explica José Azevedo. “E foi por isso que o título mundial de Rui Costa não agitou as coisas. A crise ainda existe“.

Outra desvantagem, a ausência de grandes eventos, ainda que a Volta a Portugal exista desde 1927 e que a Volta ao Algarve se tenha tornado num encontro importante no início da temporada com vencedores como Alberto Contador, Richie Porte, Tony Martin ou Geraint Tomás.«Meios de comunicação portugueses apenas transmitem em direto a Volta a Portugal e resumos da Volta ao Algarvelamenta José Azevedo. Mas as mentalidades estão mudando. A Federação Portuguesa de Ciclismo lançou um programa de deteção e está a fazer muito trabalho com os jovens. Existem alguns jovens talentos que correrão na Espanha e na Itália. Ainda faltam alguns grandes nomes que vão captar a imaginação do público para que o ciclismo descole em Portugal.” Em suma, o ciclismo português procura o seu Ronaldo.

Aleixo Garcia

"Empreendedor. Fã de cultura pop ao longo da vida. Analista. Praticante de café. Aficionado extremo da internet. Estudioso de TV freelance."

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *