Francês no estrangeiro: Há quanto tempo vive em Lisboa?
Laura: Mudei-me para Lisboa com a minha família há sete anos. A princípio queríamos sair de Paris para nos estabelecermos no Brasil, mas as condições para obtenção do visto eram complicadas. Por fim, decidimos largar as malas na capital portuguesa. Um ano após a nossa chegada abrimos a nossa creperia “A barra de panqueca”.
FAE: De onde vem esta vontade de introduzir as panquecas francesas em Portugal?
Laura: Na França, eu tinha meu bufê de saladas no centro de Paris, mas queria tentar uma nova aventura no exterior. Os crepes foram uma escolha óbvia, em parte porque gosto deles mas sobretudo porque abrir uma creperia não exige grandes investimentos económicos, ao contrário das padarias, por exemplo. As panquecas também são uma especialidade que todos conhecem e são acessíveis.
FAE: Como você obtém seus suprimentos?
Laura: Compro os meus produtos em Portugal, excepto a farinha de trigo sarraceno que importo de França. Não noto necessariamente grandes diferenças entre os produtos portugueses e franceses, com exceção da manteiga, que não tem o mesmo sabor. A propósito, uma pequena anedota: um amigo veio me visitar há algum tempo e resolveu fazer um brinde. Ela não acreditou quando eu disse a ela que o que ela colocava no pão era manteiga mesmo, o sabor é tão diferente!
FAE: Seu restaurante já tem seis anos. Que lembranças você tem do seu começo?
Laura: Os portugueses precisaram de um bom mês para perceber que ofereci não só panquecas com recheio, mas também muitos pratos salgados e doces. A partir desse momento, o boca a boca funcionou bem, principalmente graças aos moradores do bairro. Como Portugal é um país relativamente pequeno, as notícias espalham-se rapidamente por lá e até conseguimos meios de comunicação locais no nosso estabelecimento.
FAE: De quais panquecas seus clientes mais gostam?
Laura: Não tenho mesmo produtos estrela porque quando os clientes vêm é para descobrir novos sabores, coisas que nunca comeram. É disso que mais gosto aqui: os portugueses não têm medo de provar coisas novas. No entanto, eles continuam muito orgulhosos de sua gastronomia. Para eles, a culinária francesa é boa, mas não tão boa quanto a deles. É a mesma coisa na França: se você entrevistar um chef em Paris, ele dirá que não há nada melhor do que a culinária francesa.
FAE: Quais são as diferenças entre a cozinha francesa e a portuguesa?
Laura: Em Portugal encontras mais ou menos os mesmos pratos em todos os restaurantes do país: carne ou peixe servido com arroz ou batata frita. As sopas também são um alimento básico aqui, quentes ou frias. Já na França, não temos medo de revisitar nossos clássicos misturando sabores. Na minha opinião, há um certo gosto na França por correr riscos culinários.
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