Portugal defronta a Suíça esta terça-feira, dia 6 de dezembro, pelas 20 horas, em jogo dos oitavos-de-final do Mundial. Uma oportunidade de reencontro e celebração para a comunidade portuguesa. É particularmente importante e ativo em Soissons em particular.
A panela já está a arder esta terça-feira, 6 de dezembro, ao início da tarde, nas instalações da associação departamental portuguesa em Soissons. Sob a tampa, ferve a feijoada, uma espécie de cassoulet acompanhado de carne de porco, prato típico português. Foi Rose-Marie Lisboa, uma das sócias da associação que o preparou. Hoje à noite a festa estará a todo vapor aqui. Vigiados por um gigante “galo de Barcelos”, o emblema do país que se senta na sala, cerca de cinquenta pessoas vão reunir-se a partir das 19h00 para acompanhar em directo o jogo Portugal-Suíça, num canal de televisão português.
A organização do evento é supervisionada por Maria Blondelle, a dinâmica presidente da associação por 3 anos. Apaixonada por futebol, ela quer multiplicar eventos coletivos. “Incentivo tudo o que é para o bem da comunidade. É natural. Gosto muito. Adoro estes momentos de convívio e partilha. A minha melhor recompensa é quando todos estão felizes”alegra Maria.
Impossível então perder a oportunidade oferecida pelos jogos da Copa do Mundo. Era o momento perfeito para organizar uma refeição. “Os portugueses gostam de comer bem“, confidencia o presidente. Haverá também vinho local. Já na semana passada, para a partida contra o Uruguai, havia clima no local. “Foi um momento muito bom. Todo mundo gostou. Ele grita em todas as direções, mas é bom criança. Todo mundo está tranquilo”diz Rose-Marie Lisboa.
A associação continua a ser um ponto de encontro essencial para a grande comunidade de origem portuguesa residente em Soissons. Hoje tem 350 membros. Freqüentemente, eram seus pais que vinham trabalhar nas então numerosas indústrias da cidade. Em 1975, a associação foi criada em torno de um time de futebol. “Sempre gostámos de futebol. No início, a associação era para ajudar os portugueses nos seus processos administrativos”lembra Manuel Soares, ex-presidente da associação.
Esta noite, os ânimos estarão totalmente voltados para a seleção de Portugal, mas muitos integrantes também seguem o rumo da seleção da França. Esta é uma dupla oportunidade. “Gostamos de conhecer e festejar”, diz Manuel Soares já de cabeleira vermelha e verde, as cores do país. “Gosto que a França vença, quando não é contra Portugal”, ele escorrega maliciosamente. “Depois, quando a França vence, meus amigos me provocam…”
No entanto, o torcedor vê na equipe suíça um sério adversário. Ele confessa com humor ter planejado “lenços” em caso de derrota nesta noite e está um pouco pessimista sobre as chances finais da seleção. “Se formos às meias-finais, já não é mau”. A presidente, Maria Blondelle, não se atreve a fazer muitas previsões. “Espero que ganhemos. Deixe-os ir o mais longe possível. Até o final seria ótimo. Eles já venceram a Copa da Europa“.
Para Rose-Marie, que chegou à França aos 4 anos com os pais, o futebol é mais uma oportunidade. “É acima de tudo o clima. Estaremos todos juntos mesmo que eles percam. No começo, a associação não me interessou e depois com a idade mudamos de ideia. Essas são as nossas raízes. Não podemos negar de onde viemos mesmo que tenha sido a França que nos criou e permitiu que nossos pais trabalhassem”.
Esta noite de jogos será a oportunidade perfeita para a comunidade portuguesa se aproximar das suas origens, seja qual for o resultado.