RABAT: Desde as primeiras horas da manhã, dezenas de milhares de marroquinos se reuniram de todas as cidades do Reino para a capital, Rabat. E não é à toa que chegou o grande dia: o da tão esperada chegada dos Leões do Atlas, que marcaram a história da África e dos árabes no Catar.
Ninguém esperava, mas um pequeno milagre aconteceu durante a primeira Copa do Mundo que acontece em um país árabe: a seleção marroquina conseguiu subir às semifinais, quebrando um teto de vidro psicológico, que ninguém havia previsto.
Os marroquinos até sonhavam com uma final, tinham a esperança de ganhar a Copa do Mundo, mas a lei do esporte decidiu o contrário. Apesar da imensa tristeza pela derrota, os Leões do Atlas não deixaram de mostrar o seu orgulho por ver esta seleção chegar a esta fase da competição.
Para assinalar a ocasião, os novos heróis nacionais tiveram uma recepção digna das maiores no regresso a Marrocos. Um desfile pelas ruas de Rabat foi planejado. É um despacho da agência Maghreb Press (MAP) que o anuncia. “O Ministério da Casa Real, Protocolo e Chancelaria comunica que por altas instruções régias, será reservada à seleção nacional, na terça-feira, 20 de dezembro, uma acolhida digna de sua brilhante carreira durante a Copa do Mundo no Qatar”.
Em nota de imprensa, o Ministério da Casa Real, Protocolo e Chancelaria especifica que “a equipa irá ao encontro do público, logo que chegue por volta das 17h00 ao aeroporto de Rabat-Salé, com passagem pela Avenida Hassan II – 16 de novembro Praça – Praça Chellah – Praça Rei Hussein – Avenida Mohammed V – Praça Al-Barid – Praça Mohammed V – Praça 11 de Janeiro – Avenida Moulay el-Hassan – Bab Essoufara, até à sua chegada ao Palácio Real, onde Sua Majestade o Rei, poderá Deus o ajude, vai homenagear a equipe com uma cerimônia de boas-vindas e comemoração em reconhecimento à sua conquista histórica”.
A sede da polícia de Rabat implementou um protocolo de segurança de 8.000 policiais e forças públicas, destacados ao longo das estradas e passagens que serão utilizadas pelo ônibus dos Leões do Atlas.
“Assim que soube da notícia, peguei imediatamente uma passagem Paris-Casablanca, para fazer parte da festa”, explica ao notícias árabes em francês Salma, uma marroquina radicada em França e que hoje se encontra entre as milhares de pessoas que vieram prestar homenagem aos futebolistas. “Você não imagina minha alegria e meu orgulho de estar aqui, você se sente em outra dimensão”, diz ela. “Estou aqui desde as 9h com minha irmã, mas não nos sentimos cansados ou entediados. A comunhão com o povo e nossa seleção nacional nos transcende.
“Vim de Khémisset só para assistir ao desfile, ontem pernoitei em Salé com a família para não correr o risco de perder esta oportunidade, dima Maghrib!!!”, exulta Hamza. “Todos os marroquinos estão felizes hoje, é histórico, são heróis! É ótimo!” Diz Ismail, de Rabat, antes de continuar: “Isso nos mostra que a África é capaz de tudo, esperamos ter deixado o continente e todo o mundo árabe orgulhosos. Estamos muito, muito felizes. Espero que motive todos os africanos ao mesmo tempo. Este curso não foi uma questão de sorte, foi muito trabalho e concentração. Mostra que podemos alcançar qualquer coisa se traçarmos uma meta”, comemora, eufórico.
O desfile do Atlas Lions terminará no Palácio Real em Rabat. O rei Mohammed VI, que saiu pessoalmente às ruas de Rabat para festejar com o povo a vitória de Marrocos sobre Portugal, vai mesmo dar uma receção para homenagear os homens de Walid Regragui. Esta receção deverá ser marcada nomeadamente pela presença das mães dos jogadores, um testamento real.
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