A poucos materiais é assim reservada a honra de revisitar o pequeno edifício tradicional, típico desta região de Portugal moldada pelo vento. Tudo começa, novamente, com a pavimentação zellige, uma ideia forte cuja beleza pura impõe uma forma de delicadeza ao local. Desses retângulos comuns – mas não da mesma cor – sobre os quais andamos descalços para nos sentirmos melhor – estamos de férias – ao mesmo tempo macios e crus e cujo relevo se deve aos efeitos dos tons claros, irradia uma beleza sensorial que faz tapetes e estofamento supérfluo. Antoine Simonin irá, portanto, como de costume, abstrair-se do decorativo. Prezando pela durabilidade, durabilidade e disponibilidade local de materiais, acrescenta o revestimento de pinus, espécie abundante na região e que, tingida e tratada em ripas verticais, permite que as paredes acompanhem as curvas. Revestimento de parede de cal e pintura completam o visual, assim como carpetes caqui nos quartos e uma pedra local, mármore de Estremoz, usada para as mesas de centro e móveis projetados pelo Studio Asaï. O mobiliário escolhido é de Karl Hansen, da Pretziada “uma dupla de designers que retoma o tradicional mobiliário vernacular da Sardenha, muito agrícola, com corda, que combina bem com as cadeiras de palha de Karl Hansen… móveis demasiado preciosos não fariam sentido”, diz Antoine Simonin. Nesta nova mas respeitosa releitura da história do edifício, vemos banquinhos de pecuaristas, ou ainda, como os banquinhos de bar da cozinha, móveis de pinho japonês com minimalismo rudimentar que revela a estética das montagens, parafusos e cavilhas. .