O porto de Sines, o maior de Portugal, poderá duplicar a capacidade do seu terminal de gás em menos de dois anos, disse o seu chefe à AFP, enquanto Lisboa e Madrid defendem uma rota de abastecimento alternativa ao gás russo.
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Localizado na costa sudoeste de Portugal, o porto europeu de águas profundas mais próximo dos Estados Unidos recebeu as primeiras entregas de gás natural liquefeito americano para a União Europeia em 2016. Desde então, os volumes de gás transportados, sobretudo dos Estados Unidos e Nigéria, aumentaram acentuadamente, para cerca de 4 milhões de toneladas anuais.
“Sines pode atingir até dez milhões de toneladas“, disse o presidente da administração portuária, José Luis Cacho, em entrevista à AFP. “Seria preciso dobrar a infraestrutura atual para atingir esses números, mas os investimentos são relativamente pequenos e, se uma decisão fosse tomada hoje, poderíamos alcançá-los em um ou dois anos.“, especificou.
À semelhança da vizinha Espanha, que tem seis terminais de gás para regaseificação e armazenamento de gás natural liquefeito (GNL) transportado por via marítima, ou seja, a maior rede da Europa, Portugal procura convencer os seus parceiros europeus a investir no desenvolvimento de gasodutos que ligam a Península Ibérica para a França e o resto da Europa. Segundo o responsável do porto de Sines, os dois países poderão transportar até 20% das necessidades de gás da Europa, tanto por via marítima como através de um gasoduto ligado à Argélia.
O “reforço das interligações energéticasé, assim, um dos grandes objectivos de política externa incluídos no programa do novo governo que o socialista António Costa vai apresentar ao Parlamento na quinta-feira. “Como uma ambição de longo prazo faria sentido, mas a curto prazo não terá impacto, pois levaria vários anos para construir este gasoduto“, temperou quinta-feira o chefe do grupo de petróleo e gás Galp Energia, o britânico Andy Brown, durante um encontro com a imprensa estrangeira em Lisboa.
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Ainda segundo o director-geral da Galp, será necessáriomuitos anospara que a Europa possa encontrar fontes de abastecimento capazes de substituir o gás russo. “É por isso que os projetos de GNL devem ser acelerados e por isso devemos, por exemplo, concentrar os nossos esforços no reforço da segurança na Nigéria, que é o principal fornecedor de GNL a Portugal.disse o Sr. Brown.

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