Em Portugal, centenas de voos cancelados

NOVA IORQUE: A Agência Reguladora da Aviação Civil Americana (FAA) anunciou na noite de quarta-feira que estabeleceu um “vasto” programa de manutenção e inspeção para permitir que o Boeing 737 MAX 9, aterrado nos Estados Unidos após um incidente no início de janeiro, retorne ao o ar.

No processo, a empresa norte-americana United Airlines – que detém a maior frota deste modelo (79 aeronaves) – anunciou que se preparava para retomar o serviço destas aeronaves a partir de domingo.

Em 5 de janeiro, a porta da cabine de um Boeing 737 MAX 9 da Alaska Airlines voando de Portland, Oregon para Ontário, Califórnia, se soltou durante o vôo.

As companhias aéreas têm a possibilidade de bloquear uma porta quando o número de saídas de emergência existentes for suficiente em relação ao número de assentos da aeronave. Esta modificação foi feita em 171 dos 218 Boeing 737 MAX 9 entregues até o momento.

No processo, a FAA suspendeu o voo da aeronave assim configurada até novo aviso.

“Este incidente nunca deve acontecer novamente”, observou o regulador num comunicado de imprensa, anunciando “ações adicionais para garantir que todos os aviões estejam seguros”.

Só depois de concluído o plano estabelecido “é que o avião poderá voltar ao serviço”, disse, sem adiantar data.

Ele detalhou um programa de quatro pontos, incluindo a verificação de fixações específicas, bem como inspeções visuais de todos os porta-tampas e seus componentes, e o reparo de qualquer dano ou condição anormal.

“Os problemas de qualidade que observámos são inaceitáveis”, comentou Mike Whitaker, chefe da FAA, citado no comunicado, anunciando um reforço das equipas “para monitorizar de perto a produção e as atividades industriais”.

Cooperação de segurança

O fabricante reagiu rapidamente à noite.

“Continuaremos a cooperar de forma plena e transparente com a FAA e a seguir suas orientações à medida que tomamos medidas para fortalecer a segurança e a qualidade na Boeing”, disse ele.

Acrescentou que pretende “trabalhar em estreita colaboração com as companhias aéreas clientes enquanto realizam os procedimentos de inspeção necessários para a retomada segura dos voos de suas aeronaves 737-9”.

“Não enviamos aviões nos quais não tenhamos 100% de confiança”, disse o chefe da Boeing, Dave Calhoun, a repórteres antes de uma reunião na manhã de quarta-feira com senadores em Washington.

“Estou aqui hoje com espírito de transparência para, antes de mais, reconhecer a gravidade” do sucedido, continuou.

A FAA especificou ainda que informou a Boeing da sua recusa em autorizar qualquer expansão da produção da família 737 MAX – o avião carro-chefe do fabricante americano -, incluindo a do MAX 9.

Pouco depois deste anúncio, o diretor de operações da United Airlines, Toby Enqvist, enviou uma mensagem aos funcionários da empresa informando-os da decisão da FAA.

“Só devolveremos cada aeronave MAX 9 ao serviço quando o processo de inspeção completo for concluído”, garantiu. “Estamos nos preparando para retomar o serviço aéreo a partir de domingo”, disse ele.

Segundo ele, 26 aviões já foram totalmente inspecionados, sob supervisão da FAA, e foram feitos preparativos e inspeções preliminares no restante da frota MAX 9 da empresa.

Especificou também que foi realizada a inspeção recomendada pela FAA aos operadores do Boeing 737-900ER, modelo mais antigo cujo último exemplar foi entregue em 2019. Os porta-rolhas estão presentes em 380 dos 539 exemplares entregues.

Ben Minicucci, chefe da Alaska Airlines, disse à NBC News na terça-feira que havia descoberto “numerosos” parafusos soltos nas portas de seus 737 MAX 9. A United Airlines relatou a mesma coisa em 8 de janeiro.

Marco Soares

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