em Portugal, a forte pressão de Zemmour

Em Portugal, 16 mil pessoas estão inscritas no registo de cidadãos franceses residentes no estrangeiro, a abstenção atingiu 63,56% dos votos. No café ‘Nicola’, na Praça do Rossio em Lisboa, Nicolas Chamoux explica o sucesso da sua festa: ‘É uma questão de geração. Aqui a maioria dos nossos compatriotas são aposentados, muito apegados à França. Alguns anos atrás, eles nunca teriam pensado em deixá-la. Se o fizeram, ainda bem que degenerou. Nicolas Chamoux aborda os argumentos do candidato eliminado, do “grande substituto” ou da “preferência nacional”. A França está em perigo e os expatriados podem ajudar a ‘resgatá-la’, diz o líder da Célula da Reconquista em Portugal.

Uma escolha econômica

Sandra Neris vive há cinco anos com o companheiro e os dois filhos, de 8 e 10 anos, numa pequena aldeia, perto da vila medieval de Óbidos (Centro-Oeste). Ela votou em Marine Le Pen, que “melhorou muito”. Mas Sandra está com raiva. “Me irrita que sejamos tratados como racistas. Eu sou mestiço e meus filhos têm cabelos crespos. Morávamos no subúrbio sem nunca ter problemas. A escolha de Sandra, diz ela, é econômica. “Não queremos que nosso país seja dominado (por imigrantes, nota do editor), mesmo não morando lá. Não há dinheiro para todos e quando há são os estrangeiros que beneficiam”, justifica. Como ‘prova’ ela cita sua mãe que permaneceu no campo e vive frugalmente com uma pensão de 800 euros por mês ‘enquanto hospedamos imigrantes em hotéis’. Hoje, Sandra Neris vive longe dessas preocupações, que, no entanto, a cativam ainda mais. “Tive que me mudar para o exterior para descobrir como a situação é catastrófica. »

A insegurança é a outra razão para o voto radical. “A maioria desses eleitores é o que chamo de refugiados de segurança. Pessoas que foram agredidas verbal ou fisicamente na rua em plena luz do dia. Eles são velhos e não podem se defender. Um bom terço são aposentados”, explica Jean Dessart, aposentado de 74 anos que chefia a célula de recaptura de Caldas da Rainha (Centro-Oeste). Ex-motorista de ônibus em Nice e ex-sindicalista, ele ficou chocado com os ataques. “Não é porque não moramos na França que não estamos interessados. Não esqueçamos que é ela quem paga nossas pensões. O governo os determina. Estamos aqui de férias prolongadas, mas não com toda essa desconexão”, finaliza Jean Dessart.

“Apêndice” do hexágono

“Isto é paradoxal. Estes eleitores dizem-se patriotas, mas deixaram o seu país e estão a ensinar patriotismo”, nota Mehdi Benlahcen, antigo conselheiro consular (Associação dos Franceses que vivem no estrangeiro, à esquerda). quinze anos, sublinha o ‘nomadismo’ que acolhe os expatriados, que, por exemplo, ‘beneficiam’ da vantajosa segurança social francesa.

“Muita coisa mudou nos últimos dez anos”, diz ele. O comunitarismo está crescendo. Um “entre si” para servir o melhor num contexto de arrogância. Existem “conotações de colonialismo”, que podem ser encontradas nas palavras de Eric Zemmour. Muitos franceses não se reconhecem nessas vozes de identidade. “Estou atordoado. Alguns já estão estabelecidos na legitimidade do ódio. Atribuem à imigração, da qual nada sabem, os problemas de um país que deixaram”, protesta Alexa Faucher, autora de “Since We Walked on the Moon” que vive em Lisboa há cinco anos. A mesma rejeição com Soline R., que também está em Lisboa há cinco anos. “Como você pode votar em partidos como o de Le Pen, anti-imigrantes, se você também é um deles”, diz ela. A Reconquista e o Rally Nacional unem forças para a segunda rodada em 24 de abril.

Alberta Gonçalves

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