o Português havia perdido o hábito das crises políticas. Aqui estão eles mergulhados novamente desde que o projeto de orçamento para 2022 foi rejeitado pela esquerda no parlamento em 27 de outubro, abrindo caminho para a dissolução do parlamento na quinta-feira, 4 de novembro, a partir da data em que o decreto do presidente será publicado no diário oficial e novas eleições em 30 de janeiro, um ano antes do previsto, no outono de 2023.
→ MANUTENÇÃO. Em Portugal, “o clima político tornou-se confuso ao longo do tempo”
45 mil milhões de euros em fundos europeus
A rejeição do orçamento “apoio do governo totalmente reduzido”enquanto 2022 será “um ano decisivo para uma saída sustentável da pandemia e da crise social que nos atingiu”lamentou o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, num discurso televisionado na noite de quinta-feira.
Esta crise levanta temores de que os dois meses de paralisação política antes da votação possam prejudicar o uso por Portugal dos fundos europeus pós-pandemia alocados pela União Europeia, enquanto Lisboa foi o primeiro estado membro da UE a aprovar o plano de recuperação de Bruxelas. Por exemplo, Portugal deveria receber 45 mil milhões de euros nos próximos sete anos para remediar as nefastas consequências económicas e sociais da pandemia.
Esta crise quebra também a relativa estabilidade do país, governado pelo primeiro-ministro socialista Antonio Costa desde 2015. Nessa data, e pela primeira vez desde a Revolução dos Cravos de 1974, toda a esquerda se tinha unido para desfazer as políticas de austeridade da direita em troca do resgate internacional concedido a Portugal em 2011.
Chega pode beneficiar de divisões à direita
Mas em 2019, com 36% dos votos, o primeiro-ministro socialista absteve-se de estender os acordos com a esquerda que asseguravam a estabilidade do seu governo minoritário. Ao votar contra o projeto de orçamento com a oposição de direita em outubro, a esquerda radical (Bloco de Esquerda e Partido Comunista) correu o risco de convocar eleições antecipadas.
As progressões corretas em ordem dispersa. O Partido Social Democrata (PSD), de centro-direita, passa por uma grande reformulação – deve eleger seu novo líder em 4 de dezembro –, mas espera capitalizar o sucesso nas últimas eleições municipais, vencendo, para surpresa do general, a Prefeitura de Lisboa. O outro partido de direita, o Partido Popular (PP), não está em forma, com apenas 5 deputados eleitos no parlamento. Por fim, as divisões à direita podem beneficiar o novo partido de extrema-direita Chega, que entrou no parlamento em 2019.
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