Candidatos a visto dourado processam SEF

Os problemas com a emissão e renovação de vistos dourados no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) não mostram sinais de que vão parar. Os atrasos no agendamento – um passo necessário para obter uma autorização de residência para investimento (ARI) – dispararam após a pandemia, com um investidor a ter de esperar 18 meses por uma entrevista no SEF. Hoje, dezenas de investidores estrangeiros estão a levar casos relacionados com atrasos nos vistos dourados a tribunal, e o SEF perdeu 18 casos até à data, de acordo com um relatório daidealista.

As polémicas em torno do SEF continuam. A plataforma ARI esteve congelada entre janeiro e meados de junho, impedindo os estrangeiros de submeterem os seus pedidos de vistos dourados. Em junho, a plataforma ARI voltou a estar operacional. Mas os problemas no SEF continuaram. Entre eles, os atrasos na marcação de consultas para obtenção de vistos dourados, que podem demorar até dois anos, enquanto a lei prevê um prazo de 90 dias.

O agendamento no SEF é um passo necessário para obter o visto dourado, que surge após o pedido de inscrição no programa ter sido previamente aprovado pelos especialistas desta entidade. Nesta fase, são entregues os documentos legalmente exigidos e recolhidos os dados biométricos dos investidores estrangeiros. Mas, para que isso seja possível, estes têm de agendar um agendamento no SEF.

Com os prazos de agendamento se aproximando e as vagas se tornando escassas, um investidor britânico decidiu levar o SEF à Justiça com a ajuda do advogado de imigração Bettino Zanini. O caso foi protocolado no tribunal em 11 de abril de 2022. E, em julho, o advogado recebeu a decisão final do juiz: o SEF tinha que analisar e decidir sobre o pedido de visto dourado do seu cliente e, se o pedido cumprisse todos os critérios exigidos, tinha que disponibilizar um agendamento para o investidor em até 10 dias, contou o advogado ao idealista/news. Hoje, o investidor britânico aguarda a aprovação final do procedimento.

Mas este não é um caso único. O SEF já perdeu um total de 18 processos judiciais motivados por atrasos no agendamento de agendamentos para obtenção de vistos gold. E há ainda mais casos em análise pela justiça portuguesa. “Foram apresentados 63 processos em tribunal, solicitando o agendamento/concessão/renovação de autorização de residência para investimento”, disse o SEF, citado pelo CNN PortugalO advogado Bettino Zanini já ganhou quatro processos e aguarda a decisão de outros cinco.

Para marcar um encontro no SEF, os investidores estrangeiros devem consultar as ofertas de emprego disponibilizadas pela plataforma. O facto é que, depois da pandemia, as vagas escassearam. E agora, os investidores cujo pedido de visto dourado foi aprovado estão à espera de meses para receber um e-mail para agendar um encontro. “Os tempos de espera entre a aprovação e o agendamento aumentaram consideravelmente”, disse Bettino ao idealista/news.

Após o pedido ser analisado pelos especialistas do SEF e receber luz verde, a entidade deve indicar as datas disponíveis para marcar o agendamento (o próximo passo). Aqui, a lei prevê 60 dias úteis, ou seja, 90 dias corridos, embora haja casos em que é permitida a prorrogação do prazo devido à necessidade de dados adicionais, por exemplo. Mas, segundo o advogado, esse procedimento demorou 18 meses após a pandemia.

É dentro dos prazos previstos na lei para as nomeações que os tribunais têm fundamentado decisões a favor dos investidores estrangeiros que, após terem feito grandes investimentos no país (principalmente em imobiliário), pretendem obter rapidamente os vistos gold. A decisão dos tribunais deve-se, portanto, ao facto de “a demora do SEF nestes processos, que muitas vezes ultrapassa um ano para cada fase, não ser legal”, explicou o advogado.

Ao levar esses casos à Justiça, Bettino Zanini espera que “as coisas melhorem. Todos os advogados passam pela mesma dificuldade e recebem a frustração de clientes que confiaram em um programa, dentro de um prazo razoável e que, depois de um ano e dois meses, ainda estão presos na primeira fase e sem perspectiva de ver a situação resolvida”, concluiu.

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Nicole Leitão

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