As perigosas ligações de Patrick Drahi em Portugal

Todos os verões, Armando Pereira, fundador com Patrick Drahi do grupo Altice (SFR, BFM-TV, etc.) a nordeste do Porto. Construída na sua região natal, onde o jovem Armando vendia tecidos nos mercados para fugir à pobreza da família, a sua luxuosa residência, completa com piscina, campos de ténis e voleibol de praia, dois campos de golfe, um de kart e um heliporto, mantém a lenda do empresário português.

Imigrou para França em 1966, aos 14 anos, com 2.000 escudos no bolso (o equivalente a 10 euros) − como conta a sua filha, Gaëlle, numa biografia publicada em 2016 (O bilionário descalço, Editions du Moment) −, o Sr. Pereira tornou-se, graças à Altice, a primeira fortuna portuguesa. Em seu ranking de 2023, a revista desafios estima-o em 1,6 mil milhões de euros. Em maio de 2015, o ministro da Economia português, Antonio Pires de Lima, chegou a chamá-lo de “Herói de Vieira do Minho” : O Sr. Pereira pressionou fortemente para que a Altice Portugal escolhesse esta aldeia situada nas suas terras natais para aí instalar um centro de atendimento telefónico.

Mas em 13 de julho de 2023, o “herói” tornou-se um pária. Por volta das 10 horas, vários polícias e fiscais tocam à campainha da Quinta. Mandatados pelo procurador Rosario Teixeira, chefe da direcção central de investigação e ação penal, investigam há quase três anos alegados crimes de corrupção, sonegação agravada, falsificação e branqueamento de capitais. Buscas simultâneas são realizadas em todo o país por quase uma centena de investigadores.

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Detido, o Sr. Pereira foi encaminhado para a esquadra da Polícia de Lisboa, em Moscavide. Faltam dez dias. Libertado em 24 de julho, ele está em prisão domiciliar em sua casa, sem pulseira eletrônica ou vigilância policial. A única restrição: seu helicóptero, com o qual ele entrou em sua villa assim que saiu de seu jato particular, foi confiscado dele. Dois empresários próximos ao Sr. Pereira, Álvaro Gil Loureiro e Hernani Vaz Antunes, bem como a filha deste último, Jéssica, também foram indiciados em “Operação Picoas” – “penitência” em francês, do nome da estação de metro junto à sede da Altice Portugal em Lisboa.

“Traído”

Foram as escutas telefónicas realizadas no âmbito de uma antiga investigação de corrupção no futebol português, também envolvendo o Sr. Antunes, que pôs a pulga nos ouvidos dos magistrados. Organizado a partir de Portugal, com ramificações na Zona Franca da Madeira e em paraísos fiscais, incluindo os Emirados Árabes Unidos, o alegado esquema de corrupção teria permitido o desvio de comissões sobre compras efetuadas pela Altice Portugal a dezenas de fornecedores, entre os quais fabricantes de equipamentos de telecomunicações Nokia, Huawei e Cisco.

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Nicole Leitão

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