As perigosas ligações de Patrick Drahi em Portugal

Os co-fundadores da Altice Patrick Drahi (à esquerda) e Armando Pereira no IPO do grupo de telecomunicações na Bolsa de Valores de Nova York em 22 de junho de 2017.

Todos os verões, Armando Pereira, fundador com Patrick Drahi do grupo Altice (SFR, BFM-TV, etc.) a nordeste do Porto. Construída na sua região natal, onde o jovem Armando vendia tecidos nos mercados para fugir à pobreza da família, a sua luxuosa residência, completa com piscina, campos de ténis e voleibol de praia, dois campos de golfe, um de kart e um heliporto, mantém a lenda do empresário português.

Imigrou para França em 1966, aos 14 anos, com 2.000 escudos no bolso (o equivalente a 10 euros) − como conta a sua filha, Gaëlle, numa biografia publicada em 2016 (O bilionário descalço, Editions du Moment) −, o Sr. Pereira tornou-se, graças à Altice, a primeira fortuna portuguesa. Em seu ranking de 2023, a revista desafios estima-o em 1,6 mil milhões de euros. Em maio de 2015, o ministro da Economia português, Antonio Pires de Lima, chegou a chamá-lo de “Herói de Vieira do Minho” : O Sr. Pereira pressionou fortemente para que a Altice Portugal escolhesse esta aldeia situada nas suas terras natais para aí instalar um centro de atendimento telefónico.

Mas em 13 de julho de 2023, o “herói” tornou-se um pária. Por volta das 10 horas, vários polícias e fiscais tocam à campainha da Quinta. Mandatados pelo procurador Rosario Teixeira, chefe da direcção central de investigação e ação penal, investigam há quase três anos alegados crimes de corrupção, sonegação agravada, falsificação e branqueamento de capitais. Buscas simultâneas são realizadas em todo o país por quase uma centena de investigadores.

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Detido, o Sr. Pereira foi encaminhado para a esquadra da Polícia de Lisboa, em Moscavide. Faltam dez dias. Libertado em 24 de julho, ele está em prisão domiciliar em sua casa, sem pulseira eletrônica ou vigilância policial. A única restrição: seu helicóptero, com o qual ele entrou em sua villa assim que saiu de seu jato particular, foi confiscado dele. Dois empresários próximos ao Sr. Pereira, Álvaro Gil Loureiro e Hernani Vaz Antunes, bem como a filha deste último, Jéssica, também foram indiciados em “Operação Picoas” – “penitência” em francês, do nome da estação de metro junto à sede da Altice Portugal em Lisboa.

“Traído”

Foram as escutas telefónicas realizadas no âmbito de uma antiga investigação de corrupção no futebol português, também envolvendo o Sr. Antunes, que pôs a pulga nos ouvidos dos magistrados. Organizado a partir de Portugal, com ramificações na Zona Franca da Madeira e em paraísos fiscais, incluindo os Emirados Árabes Unidos, o alegado esquema de corrupção teria permitido o desvio de comissões sobre compras efetuadas pela Altice Portugal a dezenas de fornecedores, entre os quais fabricantes de equipamentos de telecomunicações Nokia, Huawei e Cisco.

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Nicole Leitão

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