AFP, publicado em sábado, 21 de janeiro de 2023 às 19h01
Cem crianças menores de cinco anos morreram em 2022 no território indígena Yanomami, no norte do Brasil, vítimas de desnutrição, pneumonia, malária ou outras infecções, soubemos neste sábado do Ministério da Saúde brasileiro.
Um total de 99 crianças menores de cinco anos, incluindo 67 menores de um ano, morreram no ano passado neste território isolado no meio da floresta virgem e tão grande como Portugal, segundo uma contagem do ministério.
Entre as causas de morte, destacam-se pneumonia, diarreia e gastroenterite, provavelmente de origem infecciosa, assim como hemorragia ou desnutrição grave.
Cerca de 11.530 casos confirmados de malária foram registados no território em 2022, a maioria na faixa etária acima dos 50 anos, segundo a mesma fonte.
Entre as crianças menores de cinco anos vítimas da malária, 1.678 tinham entre um e quatro anos e 312 menores de um ano, segundo o ministério, que disse em comunicado à imprensa “ciente da emergência” no território e mencionou a presença de uma “missão de avaliação” no local.
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, empossado há apenas três semanas, também esteve neste sábado em Boa Vista, no estado de Roraima, norte do país, onde fica parte do território. yanomami.
“O que eu vi me abalou. Vim aqui para dizer que vamos tratar nossos índios como seres humanos”, indicou em sua conta no Twitter, relatando sua visita, acompanhado da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara.
Cerca de 30.400 indígenas vivem em terras Yanomami, abrangendo os estados de Roraima e Amazonas, mas também em parte da vizinha Venezuela.
As populações dessas terras, supostamente invioláveis e onde todo garimpo é proibido, enfrentam dificuldades para se alimentar devido à destruição da floresta tropical onde normalmente encontram seus meios de subsistência.
Segundo caciques Yanomami, cerca de 20 mil garimpeiros ilegais invadiram seu território, matando indígenas, abusando sexualmente de mulheres e adolescentes e contaminando seus rios com o mercúrio que separa o ouro dos sedimentos.
O governo Lula lançou esta semana as primeiras operações no terreno para combater o desmatamento, após quatro anos de destruição em massa sob o governo de Jair Bolsonaro, cuja atitude sempre foi hostil aos povos indígenas.
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