Ao vivo | Medicamentos: fabricantes de genéricos boicotam negociações de preço

Por La Provence (com AFP)

Os fabricantes de medicamentos genéricos e os principais sindicatos de farmacêuticos anunciaram na quarta-feira a decisão de boicotar as discussões no Ministério da Saúde, em resposta a pedidos de redução de preços de algumas moléculas.

Em um contexto de crescente escassez de medicamentosos players do sector vão recusar-se a sentar-se na quinta-feira na comissão de acompanhamento dos genéricos organizada pela Comissão Económica de Produtos de Saúde (CEPS), disseram em conferência de imprensa na quarta-feira.

Em causa, segundo eles: uma carta do CEPS – órgão interministerial que fixa os preços dos medicamentos comparticipados pela Segurança Social – informando-os da sua intenção de baixar os preços de 7 moléculas, incluindo 4 medicamentos de maior interesse terapêutico, num total montante superior a 67 milhões de euros.

Estas reduções de preços deverão incidir em particular sobre a metformina, um antidiabético atualmente comercializado a 1,27 euros por caixa, que deverá baixar para 1,11 euros por caixa.

Esta é a primeira vez que boicotamos coletivamente“nesta reunião, sublinhou Stéphane Joly, presidente da Gemme, a associação francesa de fabricantes de genéricos, denunciando uma situação”intolerável

Os produtores de genéricos lutam há vários meses contra o “cláusula de salvaguarda“, um mecanismo tributário que diz respeito tanto a medicamentos inovadores caros quanto aos vendidos por alguns centavos.

Eles também soaram o alarme sobre os efeitos da inflação. Nesse contexto, pedem ao poder público uma moratória na redução de preços.

Mas também “aumentos direcionados, a exemplo do que foi feito na Alemanha e em Portugal nos medicamentos de maior interesse terapêutico“, comentou Jérôme Wirotius, gerente geral da fabricante de genéricos Biogaran, vice-presidente da Gemme.

Os principais sindicatos de farmacêuticos, que também já indicaram que não vão estar presentes na reunião do CEPS, anunciaram também o lançamento de uma campanha nas farmácias para informar os doentes.

É hora de todos assumirem suas responsabilidades (…) A partir do momento em que os produtos estão em tensão, não é surpreendente ver os produtores que vão principalmente para os países onde lhes é oferecido um preço decente por seus produtos“, martelou Laurent Filoche, presidente do Sindicato dos Farmacêuticos Comunitários, durante a conferência de imprensa.

Isabela Carreira

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