O grupo de media e telecomunicações Altice adquiriu esta sexta-feira o mais popular canal de televisão português, a TVI, ao adquirir a sua proprietária Media Capital, prosseguindo assim a sua estratégia de convergência entre as actividades de telecom e media.
O grupo liderado pelo magnata franco-israelense Patrick Drahi anunciou que assinou um acordo com a Prisa, principal grupo de imprensa espanhol e dono do diário El Pais, para recomprar sua participação de 94,7% no capital da Media Capital.
A operação avalia este grupo português fundado em 1992, dono da Rádio Comercial também no topo das audiências do país, em 440 milhões de euros, perto dos 450 milhões de euros referidos na imprensa local no final de junho.
A combinação de ativos de telecomunicações, mídia, conteúdo e publicidade é uma área de crescimento na qual a Altice, proprietária da operadora de telecomunicações SFR e NextRadioTV (empresa-mãe da BFMTV e RMC), continua a construir.
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“Esta é uma nova etapa na nossa aventura em Portugal. Estamos muito entusiasmados com a ideia de juntar os líderes das telecomunicações e dos media deste país”, declarou perante a imprensa em Lisboa o director-geral da Altice, Michael Combes.
“Tal como fizemos com a Portugal Telecom, operadora adquirida pela Altice no final de 2014, “queremos desenvolver e crescer” a Media Capital, sobretudo a nível internacional e no digital, assegurou.
– Investir no digital –
O grupo vai lançar uma oferta para adquirir a restante parte do capital (ou seja, 5,3%) da Media Capital não detida pela Prisa. Pretende então retirar a Media Capital da cotação na bolsa de valores Euronext, em Lisboa.
Esta aquisição “insere-se na estratégia de convergência global (da Altice, nota do editor) e segue o caminho percorrido em França, Estados Unidos e Israel”, refere a Altice em comunicado.
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A Altice pretende em particular “desenvolver novos canais e formatos de televisão, (…) acelerar o investimento em conteúdos, (…) apostar na expansão digital, (…) exportar conteúdos portugueses para os territórios da Altice, nomeadamente em França e os Estados Unidos, (…) e lançar novos serviços inovadores”.
Ao adquirir a Media Capital, o grupo de Patrick Drahi, que já tem um ativo na produção de conteúdo com a Hot em Israel, integra a produtora Plural e afirma querer torná-la seu “hub global de produção de conteúdo”.
A Altice espera que a operação, sujeita à aprovação das entidades reguladoras e dos acionistas da Prisa, tenha efeitos positivos “imediatos” no seu cash flow.
Com a venda da Media Capital, a Prisa procura reduzir a sua pesada dívida, que se situava em 1,48 mil milhões de euros no final de março.
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– ‘Sem demissões’ –
Esta nova aquisição da Altice em Portugal surge no momento em que o grupo francês tem sido apontado como gestor da Portugal Telecom, comprada em dezembro de 2014 à brasileira Oi por 7,4 mil milhões de euros.
O primeiro-ministro português, António Costa, atacou fortemente a Altice na quarta-feira, levantando o espectro de um “desmantelamento” da operadora incumbente.
“Temo que a forma irresponsável como foi feita a privatização” da Portugal Telecom pelo anterior governo de direita “possa conduzir a um desmantelamento, colocando em risco não só postos de trabalho mas também o futuro da empresa”, declarou .
No final de maio, o chefe do governo socialista já tinha avisado que não daria “nenhuma autorização” à Altice para despedir cerca de três mil funcionários da Portugal Telecom, projeto referido na imprensa local mas desmentido pelo grupo.
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“Não estamos a despedir pessoas na Portugal Telecom e não temos intenção de despedir ninguém na Media Capital”, respondeu Combes na sexta-feira, acrescentando que “a Altice é provavelmente o maior investidor nos últimos anos no país”.
Em 2016, a Media Capital registou um resultado líquido de 19,1 milhões de euros, um aumento de 10%, para um volume de negócios de 174 milhões de euros. As receitas publicitárias aumentaram 4% para 121,4 milhões de euros. O Ebitda aumentou 3% para 41,5 milhões de euros.
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