O império de Patrick Drahi sofreu um grande golpe neste verão, quando o seu braço direito foi preso em Portugal por corrupção. Mas as práticas dentro do grupo já eram apontadas pelos colaboradores há muito tempo.
Após a revelação do caso de corrupção que afetou a Altice, Patrick Drahi disse que ficou “chocado e desapontado” ao ouvir a notícia. Mas a direcção do grupo já tinha conhecimento de vários elementos que tinham sido reportados por funcionários ou sindicatos.
Suspeitas sobre a chegada de Pereira à SFR
Armando Pereira, que co-fundou a Altice com Patrick Drahi no início dos anos 2000, está no centro de uma investigação que durou três anos em Portugal. Ele era o braço direito de Patrick Drahi, que lhe deu toda a sua confiança muito antes do início do que hoje se tornaria o império das telecomunicações.
Mas ele era muito ganancioso, ao que parece. As primeiras suspeitas surgiram logo depois que Patrick Drahi o nomeou vice-presidente da SFR após a aquisição da operadora da praça vermelha pela Numéricable, segundo Bloomberg.
A CFDT também confrontou Pereira sobre vários pontos em 2017, durante uma reunião com o gestor e representantes de recursos humanos. Os membros do sindicato apontaram alegações de que Pereira concedeu contratos a empresas que ele ou membros da sua família dirigiam, contornando os procedimentos de adjudicação padrão.
Contudo, os sindicatos não foram os únicos a apontar problemas. A empresa Deloitte mencionou um possível risco de fraude em 2019 para a Altice Europe, que reúne as atividades da Altice em França, mas também em Portugal. Relatório que esteve disponível publicamente até Patrick Drahi solicitar que fosse tornado privado em 2021, de acordo com a mídia americana.
Para a Deloitte, faltavam barreiras sérias para impedir que alguém ignorasse os controlos internos e também faltavam controlos internos para evitar isso.
A filial americana também afetou
O desfalque não ocorreu apenas na Europa. A Altice USA também foi afetada pelo fenómeno e os colaboradores também tiveram dúvidas sobre os processos internos da empresa. E aqueles que avisaram a administração foram expulsos.
No país do Tio Sam, a manobra foi certamente facilitada por Yossi Benchetrit, o gestor de compras e genro de Armando Pereira. Também aqui foram escolhidas empresas próximas de Pereira em detrimento de outras com melhores propostas.
O envolvimento de Armando Pereira parece, portanto, importante e os dirigentes da Altice pareciam bem conscientes das travessuras do empresário português. Porém, nada foi feito dentro do grupo, chegando ao ponto de ignorar certas práticas.
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