O advogado André Navarro de Noronha, que representa Custódio Correia, principal acionista do grupo Socicorreia, ligado ao setor da construção civil, foi o primeiro a chegar ao campus da Justiça, e o interrogatório começou com o empresário.
No sábado, fonte judicial disse que a investigação deverá começar pelo empresário Custódio Correia, seguido de Avelino Farinha, responsável máximo pelo grupo de construção AFA, e finalmente pelo antigo presidente da Câmara do Funchal Pedro Calado, que formalizou a sua renúncia ao cargo na passada segunda-feira.
Em declarações aos jornalistas à chegada ao tribunal, o advogado de Avelino Farinha, Raul Soares da Veiga, explicou que não sabia a que horas o seu cliente iria prestar declarações, acrescentando que “será depois da primeira”, mas que “não há hora certa”.
Questionado sobre o estado de espírito do seu cliente, que está detido há sete dias, Raul Soares da Veiga disse que ele estava “muito presente de espírito, porque sabe que não fez nada de errado. É uma pessoa muito forte”.
Raul Soares da Veiga disse ainda ter solicitado ao tribunal que assistisse aos interrogatórios dos restantes detidos, mas que ainda não era conhecida a resposta do juiz Jorge Bernandes de Melo, que conduz o processo.
Também à chegada ao tribunal, o advogado do antigo presidente da Câmara do Funchal, Paulo Sá e Cunha, disse não saber se Pedro Calado será ouvido hoje, dada a greve dos funcionários da justiça durante o horário extraordinário.
Portanto, se a previsão de término dos interrogatórios às 17h30 for mantida, “ele provavelmente não será ouvido”, disse.
Os interrogatórios deveriam ter começado no sábado, mas foram adiados para segunda-feira, mas os advogados exigiram ver os documentos apreendidos durante as buscas, o que adiou as audiências novamente para hoje, de acordo com uma fonte judicial.
Pedro Calado, Avelino Farinha e Custódio Correia foram detidos esta quarta-feira, na sequência de cerca de 130 buscas domiciliárias e exteriores efetuadas pela PJ, sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias regiões do continente.
A operação também afetou o presidente do governo regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, que foi implicado e oficializou na segunda-feira a renúncia que havia anunciado na sexta-feira.
São suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação econômica em negócio, peculato, recebimento ou oferecimento de vantagem indevida, abuso de poder e tráfico de influência, segundo a PJ.
Segundo documentos judiciais a que a Lusa teve acesso, o Ministério Público alega que o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), o antigo presidente da Câmara Municipal do Funchal Pedro Calado (PSD) e o líder do grupo construtor AFA, Avelino Farinha, estabeleceram, “ao longo do tempo, uma relação de proximidade e especial confiança” que terá beneficiado este grupo de empresas “em desrespeito das regras da livre concorrência e da contratação pública”.
Entre os contratos sob investigação criminal, segundo os autos, estão a concessão do serviço público de transporte rodoviário de passageiros na ilha da Madeira, a concessão do teleférico do Curral das Freiras, o empreendimento Praia Formosa e o Funchal Jazz 2022-2023.
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