A ‘metamorfose dakariana’ de Dani Sordo uma semana antes do Rally de Portugal

Dani já está pensando no próximo capítulo de sua carreira, e este é o Dakar

Uma nova temporada com a Hyundai vai começar no Rally de Portugal

Tem uma corda por um tempo: garante que “ainda gosta” quando corre

Dani Sordo ainda tem a corda por um tempo no WRC. Aliás, na próxima semana vai correr o Rali de Portugal e a sua ideia é lá fazer um bom trabalho, como costuma fazer no Mundial de Portugal. Mas ninguém é eterno, e é por isso que o cantábrico já está trabalhando no próximo capítulo de sua carreira esportiva: o Dakar, que está preparando com um professor excepcional como Nasser Al-Attiyah.

Para Sordo, com apenas 39 anos –no dia 2 de maio–, começa em Portugal a décima sétima temporada consecutiva na categoria superior do Campeonato do Mundo, a nona com a Hyundai Motorsport. Será a quinta campanha em que já não executa todos os ralis, mas sim um programa parcial com as provas que melhor se adequam ao seu estilo.

Depois de vários anos a correr cerca de metade das provas, em que somou muitos pódios e até vitórias – as duas na Sardenha – e ajudou a Hyundai a dois títulos de construtores, este ano decidiu dar mais um passo para o lado e, em princípio, terá menos ralis no seu programa – neste momento apenas Portugal e Sardenha estão confirmados – e será uma espécie de ‘treinador’ para Oliver Solberg.

O fato de reduzir gradativamente seus programas não é por acaso. Dani já está preparando o próximo passo em sua carreira esportiva, e este será o dakar. Não será no próximo ano, mas não será por muito mais tempo. No último fim de semana ele esteve presente e participou do Hoznayo Festival Rally, e lá conheceu SoyMotor.com, em uma reunião com um pequeno grupo de imprensa em que ele delineou seus planos e, acima de tudo, nos fez desfrutar com certas reflexões sobre sua vida , sua carreira e o futuro do rally.

“Sim, acho que é o próximo passo – o Dakar–”, comentou Sordo. “Não este ano, porque é mais difícil do que parece. Tenho que fazer o ‘rolo’, então ainda não. Mas tenho que me preparar para o Dakar”, acrescentou o cantábrico, com a calma de um atleta consolidado, mas com a humildade de quem se prepara para sair da zona de conforto.

Dani admite que nunca “amou” o Dakar e que os ralis são o seu “habitat natural”, mas sabe que é o passo lógico. Já fez a sua estreia no mundo dos rally-raids com um protótipo leve da categoria T3 na Baja Qatar, a convite de Nasser Al-Attiyah, e a sua próxima participação aponta para o sul de Espanha.

Eu certamente farei o Rally da Andaluzia este ano, porque Nasser também me ‘empurra’. Corri com o ‘lado a lado’ no Catar para ver um pouco o que era, mas estamos tentando fazer isso com outro carro”, acrescentou Dani sobre seu futuro a curto prazo.

Nesse sentido, o espanhol tem procurado um bom ‘professor’, já que Al-Attiyah venceu o Dakar quatro vezes e é um verdadeiro especialista na disciplina. Dani esteve em sua casa para aprender um pouco e admite que vê algumas dunas como “perigosas”. Embora a velocidade nos ralis seja “fácil” para ele, nas incursões ele não se sente inteiramente à vontade com um ‘roadbook’ que não dá tantos detalhes quanto as notas a que está acostumado.

“Eu estava na casa do Nasser, ele estava me mostrando as dunas e tal. Não é como rally. Quando eu comecei no rally eu achava que era fácil, mas outro dia eu estava atrás dele nas dunas e… cuidado! pelas dunas e como eles leem… Ele me disse ‘você tem que subir aqui’ e eu pensei que não ia subir lá. Eu acho muito perigoso”.

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BANHO DE MASSA EM CASA

Como indicamos algumas linhas acima, Sordo esteve no Hoznayo Festival Rally com seu BMW M3 E30 e lá ele pôde desfrutar dos fãs cantábricos. É uma prova que passa pela sua casa e, apesar de a data estar muito próxima do Rali de Portugal, não quis perder a oportunidade de lá estar. Por curiosidade, ele admitiu que em algum momento parou na casa para “dar água aos cachorros”.

“É muito bom. As pessoas gostam de ver estes carros clássicos e estes ralis são uma boa oportunidade para os ver. Tenho uma casa ao lado e gosto sempre de competir. Este ano decidimos não correr porque Portugal estava muito perto. Uma coisa surgiu, estava aqui e é sempre bom para os fãs, que vão curtir o carro”.

Sobre a sua participação em Portugal, Dani destaca que lá sempre correu bem e sentiu-se confortável nos testes que fez com o Hyundai i20 N Rally1, por isso é otimista. Será a primeira vez com este carro e, embora tenha algumas diferenças com os ‘antigos’ WRC, acredita que os híbridos “vão ser mais rápidos”.

“Bem, estou mesmo ansioso por isso. Quando fiz o Rally1, estava a correr muito bem. Não tem de ser mau, pois Portugal nunca teve um mau momento. As sensações na gravilha têm sido boas; asfalto é um pouco mais difícil, mas da última vez que experimentei no asfalto estava a correr bem. Para Portugal acho que vai correr bem”.

“É um pouco diferente na condução – o Rally1 -. Tem um pouco mais de peso, menos curso da suspensão, a mudança é sequencial, não tem diferencial central, na potência é diferente… tem uma maneira um pouco diferente de dirigir, mas também não muito.

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ALÍVIO?

Com o adeus de Sordo ao WRC no horizonte –embora ele ainda não saiba quando virá–, uma pergunta era inevitável: qual é a substituição? Dani, falando sobre o mais novo da academia espanhola, acredita que Alejandro Cachón e Óscar Palomo “estão muito bem”, mas teme o aumento de preços que esta disciplina tem sofrido nos últimos anos.

“Antes, quando eu comecei, era um pouco mais fácil. Eu corria com um Mitsubishi que não estava preparado, mas agora é dinheiro. Alugar um R5 custa 60.000 euros para um rali e alugar um WRC para uma corrida custa 150.000 euros; com 60.000 euros fiz todo o Campeonato de Espanha com a Mitsubishi”, assinala o cantábrico sem hesitar.

Para finalizar, olhando para trás, ele acha que deveria ter “comemorado mais o que fiz em 2005”, mas já tinha objetivos maiores na cabeça. Mas o mais importante é que ele “ainda gosta” quando correentão teremos Dani Sordo por um tempo.

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Chico Braga

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