A notícia perspectivada todos os sábados, graças ao historiador Fabrice d’Almeida.
O terremoto na Turquia e na Síria causou imensa emoção em todo o mundo. O número de mortos de mais de 41.000 continua a crescer. Tais terremotos desempenham um grande papel na história, como evidenciado pelo de Lisboa no século XVIII.
Foi em 1755, no Dia de Todos os Santos: 1º de novembro. Famílias se reuniram para a festa dos mortos, na capital que teria cerca de 200 mil moradores. Às 9h40, começa o primeiro tremor. Ela preocupa os moradores. Logo, é seguido por três tremores secundários. Edifícios dançam e depois desabam. O que fazer ? Alguns decidem fugir para a costa e o porto quando de repente ocorre um tsunami. Uma onda de 5 a 10 m submerge as docas e avança 250 m para o interior. A população está desesperada e tenta socorrer os habitantes das construções de pedra, quando os primeiros incêndios irrompem nas casas de madeira.
O desastre está completo. Veneráveis edifícios religiosos que datam da Idade Média não passam de ruínas, como a catedral. Das 40 principais igrejas, apenas cinco permanecem de pé. A cidade está 85% destruída. E quantas mortes? 10.000 instantaneamente. Então 40.000 ou 60.000, dependendo da família.
Neste drama surge uma figura. Este é Sebastião José Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal. Ele acaba de ser nomeado ministro-chefe. Enquanto a família real, saindo de Lisboa para Belém, decide ficar longe do desastre, o ministro aciona no local, com sua guarda. Durante oito dias, ele mora em sua carruagem, que circula pela cidade conforme a necessidade. Ele enforca cerca de trinta saqueadores e ladrões que roubaram notavelmente as freiras, que acabavam de deixar os conventos destruídos. Ele coordena a escavação dos escombros, traz comida e alojamento para os sobreviventes. Oito dias em que o chefe do governo é descrito com roupas sujas, rasgadas, meias fiadas, tanto ele paga consigo mesmo pelo seu povo.
As lições dos terremotos
Mais tarde, com arquitetos, foi ainda o Marquês de Pombal que presidiu à reconstrução da capital. Ele levanta os primeiros edifícios anti-sísmicos. A Lisboa que hoje conhecemos muito lhe deve.
De fato, grandes terremotos mudam a ordem das coisas e a organização do poder. Para o presidente Erdogan e para Bashar El Assad, este é um novo desafio para sua autoridade. Então, é necessário um vivo debate intelectual sobre o significado desses eventos, as responsabilidades. O terremoto de Lisboa favoreceu o esclarecimento e enfraqueceu a crença em Deus. O que acontecerá com a Turquia e a Síria, essas terras do islamismo ainda queimando ontem? Finalmente, o que chama a atenção é a incrível resiliência dos povos. Todos retomam suas vidas após esses dramas e constroem um ambiente mais seguro. Esperemos que a Turquia e a Síria sigam o modelo de Lisboa.
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