O Tribunal Constitucional português considerou que o texto não definia claramente o “dor intensa“. pattilabelelle / stock.adobe.com
O Tribunal Constitucional português rejeitou esta segunda-feira, pela segunda vez, uma lei que autoriza a eutanásia, apontando para uma “imprecisão intolerávelna sua redacção e envio do texto de volta ao Parlamento, que há quase três anos tenta legislar neste sentido.
Os juízes do tribunal concluíram que o texto não estava de acordo com a lei básica porque não definiu claramente o “dor intensa” que pode abrir o caminho para um “morte medicamente assistida“, anunciaram em comunicado lido à imprensa.
termos imprecisos
O Tribunal Constitucional já tinha rejeitado esta lei em março de 2021, julgando já na altura que utilizava termos demasiado imprecisos. O Parlamento poderá agora reformular o texto e voltar a submetê-lo à promulgação do Presidente da República, o conservador Marcelo Rebelo de Sousa, que havia interposto recurso ao Tribunal Constitucional no início de janeiro.
A primeira votação do Parlamento a favor da descriminalização da eutanásia data de fevereiro de 2020, mas o legislador desde então encontrou resistência do Chefe de Estado. Católico devoto e ex-professor de direito, Marcelo Rebelo de Sousa havia vetado uma versão anterior da lei.
A deputada socialista Isabel Moreira, uma das principais vozes a favor do texto, reagiu à decisão desta segunda-feira afirmando que cabe a um “problema semântico” e “maioria dos argumentos do Presidente da República não foram admitidos“.
“Se for uma questão de corrigir uma palavra, estaremos lá para o fazer.“, disse ela durante uma coletiva de imprensa no Parlamento. Na esteira da Bélgica e da Holanda, um punhado de países europeus até agora legalizou a eutanásia.
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