Portugal vai estar nas primeiras páginas das notícias europeias neste primeiro mês de 2021. É de facto ele quem, sucedendo à Alemanha, assume a presidência rotativa do Conselho da União Europeia. Em vez de reconstruir a Europa através dos seus tratados, como aconteceu durante a sua última presidência em 2007, será sobretudo uma questão de continuar as negociações do Brexit sobre os dossiers que ainda precisam, mas também de gerir as questões de saúde seguintes. crise, especialmente no campo da vacinação. Como em qualquer regime parlamentar, o governo de António Costa estará a cargo desta presidência, mas este é um dos temas de campanha para as eleições presidenciais que decorreram no domingo, dia 24 de janeiro.
As irmãs do Le Taurillon também regressam à história do Portugal europeu num artigo tão preciso quanto ambicioso.
Deixado no comando!
Atualmente, é raro no Velho Continente sublinhar-se: um partido de esquerda está no poder e a ganhar as sondagens! Em 2015, o Partido Socialista (PS) evitou a vitória da coligação de direita em torno do Partido Social Democrático (PSD) de centro-direita e do Centro Democrático e Social – Partido Popular (CDS-PP). Com efeito, o PS está ligado ao Bloco de Esquerda (esquerda radical) e à Coalizão Democrática Unitária que reúne comunistas e ecologistas para formar um governo. Implementando uma política rigor orçamentário, este último finalmente corrige as contas do país após a grave crise de 2008 e pontua bem nas eleições parlamentares de 2019 ao obter mais de um terço dos votos, perdendo assentos para todos os grandes partidos. Três partidos entraram no parlamento com um assento cada: o partido anti-imigração Chega, a liberal Iniciativa liberal e o ecologista LIVRE. A animalista Pessoa-Animal-Natureza ganha três cadeiras além da que ocupava desde 2015. Renova seu governo e ainda conta com o apoio sem a participação dos outros dois partidos de esquerda. Nesse ano, o PS conseguiu mesmo uma exibição na ilha da Madeira, onde aumentou a sua pontuação em 24%, ficando atrás do PSD no seu reduto histórico.
As eleições europeias de 2019 ilustram mais uma vez o popularidade do governo : o PS recolhe um terço dos votos e 9 deputados, enquanto o centro-direita obtém 6 e o animalista obtém um assento, tantos quantos os da direita.
Em 2020, porém, as eleições nos Açores no reduto socialista marcarão a primeira perda de fôlego do partido no poder. Apesar de manter o primeiro lugar com 39% dos votos, o partido não só perdeu cinco dos 30 lugares que detinha, como graças a uma coligação sem participação entre o PSD, o CDS-PP e os monárquicos, foi apoiado pelo liberais e Chega, perde também a presidência da Região Autónoma. Esta grande aliança da direita para o extremismo certamente é um bom presságio para os outros…
Mais um triunfo para a MRS
Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) é advogado de formação, professor universitário e jornalista, é também afilhado do último presidente do Conselho do Estado Novo do ditador Salazar. Entre 1981 e 1983 foi membro do governo por um curto período. Enquanto presidente do PSD, primeiro opositor de António Guterres, agora secretário-geral da ONU, pressionou por um referendo em 1998 sobre a legalização da interrupção voluntária da gravidez (aborto). ), campanha contra o acampamento. No entanto, a baixa participação (32%) anula os resultados eleitorais.
Em 2016, ele decidiu se candidatar à presidência como independente, uma estratégia da moda hoje para se aproximar das preocupações dos cidadãos, mas ainda conta com o apoio tanto do partido quanto da direita. Como em todas as eleições presidenciais desde 1986, uma única volta foi suficiente para determinar o vencedor, De Sousa vencendo com 51,99% dos votos. Embora o papel do Presidente da República seja essencialmente cerimonial, nunca está longe dos debates que agitam o país. Seus colaboradores descrevem De Sousa como um “ Lobo solitário », é conhecido como católico devoto, mas sobretudo pelo cuidado que tem com a sua imagem. Virou fenômeno midiático, vemos ele fazendo compras sozinho no supermercado de bermuda, jovens buscam com ele a “selfie de marte”, até salva dois canoístas em um vídeo viralizou.
Para a eleição deste ano de 2021, a candidatura do presidente cessante era indiscutível. Apoiado novamente pelo CDS e PSD, mas também pelo esquerdista Primeiro-Ministro António Costa que com ele colabora activamente, o que, segundo o imprensa local.
Ultrafavorita nas pesquisas, MRS concentrou as críticas durante a campanha. Os outros candidatos criticaram-no em particular pela sua passividade ou pelas suas reações tardias em dois casos que chocaram Portugal. Em março de 2020, um cidadão ucraniano deve deixar o território. No entanto, no aeroporto, este último recusa-se a embarcar no avião, após o que sofre a violência da alfândega que o tortura até à morte. O caso só veio à tona em dezembro de 2020, quando o chefe dos alienígenas e limites renuncia ao governo e à presidência em silêncio culposo. O segundo caso diz respeito à nomeação do procurador português no novíssimo Ministério Público Europeu. UMA colega alemão volta a este caso ridículo em que o governo português substituiu o seu candidato ao cargo a curto prazo por um “menino socialista” próximo do partido no poder… Em ambos os casos, a resposta presidencial seguiu os holofotes dos media.
Por fim, e novamente, a eleição ocorreu em turno único, Marcelo Rebelo de Sousa mantém a cadeira com 60,7% de apoio no primeiro turno. No entanto, a contenção parcial decidido em 13 de janeiro abstenção estourada: quase 2 em cada 3 portugueses não votaram este domingo. Rebelo de Sousa enfrentou a candidatura dissidente da socialista e ex-diplomata Ana Gomes, que ficou em segundo lugar na votação com cerca de 13% dos votos, mas também do chefe do partido de extrema-direita, que recebeu a líder da extrema-direita francesa Marine le Pen e que segue melhorando sua pontuação, com 11,9% dos eleitores, representando um avanço reconhecidamente pequeno, mas inédito em um país considerado hermético pela extrema direita. Atrás do grupo dirigente encontramos o comunista João Ferreira (4,3% dos votos), candidato da esquerda radical, liberal e ecologista.
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