Um pequeno canto do país. A região do Barrosono norte de Portugal é conhecida por suas belas paisagens em relevo, sua baixa densidade populacional, suas florestas e sua produção agrícola. Os cariocas não perdem a oportunidade de elogiar a orgulhosa barrosa, uma vaca atrevida com carne de alta qualidade, cuja produção é essencial para a economia da região. A FAO, o braço das Nações Unidas dedicado à agricultura, não errou ao classificar a região como patrimônio mundial agrícola em 2018.
O postal está ameaçado.A Savannah Resources, empresa britânica especializada em mineração, está de olho no subsolo do país desde 2017. Ela quer extrair minerais ricos em lítio: esse metal é necessário para a construção de baterias para carros elétricos ou para o armazenamento de eletricidade.
Uma enorme cratera
O projeto é grande. Uma cratera com mais de 300 metros de profundidade e uma área total de mineração de quase 550 hectaresdeverá ver a luz do dia, sujeito a luz verde da autoridade ambiental portuguesa no início de 2022. O projeto Barroso resultaria na maior mina de lítio da Europa, capaz de fornecer o material necessário para a montagem de 500 mil carros elétricos.
A aposta é grande. O lítio é uma daquelas matérias-primas que estão no centro da transição ecológica. A Agência Internacional de Energia estima que a demanda global aumentará 42% entre 2020 e 2040.
Limitar importações
Problema, o Velho Continente é largamente dependente das importações nesta área. A Austrália produz quase metade do lítio do mundo, seguida pelo Chile (24%) e China (16%), segundo estatísticas compiladas pela gigante petrolífera BP para o ano de 2020. Ressalte-se, no entanto, que a China refina mais da metade do lítio mundial, etapa essencial para uso industrial.
A fim de limitar a dependência das importações, mas também para garantir que a extração destes metais seja realizada em condições sociais e ambientais aceitáveis, a União Europeia e alguns Estados-Membros pretendem relançar a exploração mineira.
Militância do poder central
O subsolo português abriga as primeiras reservas da Europa. O governo central apoia o projeto. O ministro português do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, tem vindo regularmente a defender a criação de um setor industrial em torno do lítio. Os projetos de mineração devem ser apoiados por usinas de refino.
Esses projetos encontram oposição local. As comunidades que vivem ao redor da futura mina estão contra o vento, como os 500 habitantes de Covas do Barroso. Eles argumentam, em particular, que a vaca Barrosa, impedida de pastar, está ameaçada.
Más memórias
Acima de tudo, a poluição ligada à operação, enquanto a mina será a céu aberto, preocupa as populações: “A população local é bastante conservadora, explica José da Silva, um franco-português que mantém um blog de notícias para dupla nacionalidade onde não deixou de narrar o projeto mineiro. Eles têm a memória de projetos industriais das décadas de 1970 e 1980 que desfiguraram a paisagem. Não beneficiou o povo. »
→ LER. Eramet fornecerá parte das necessidades de lítio da Europa
O líder do projeto, Savannah Resources, está intensificando os esforços para superar a relutância local. Garante um investimento de 15 milhões de euros para limitar os danos colaterais do projeto, que deverá criar 200 empregos diretos. Seu CEO expressou seu otimismo à AFP em 20 de dezembro “Se as aprovações regulatórias seguirem seu curso normal, Savannah poderá iniciar a produção dentro de dois anos. »
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