Em geral, povos e governos adoram grandes comemorações históricas. Na França, lembramos a espetacular celebração do bicentenário da revolução de 1789. Por sua vez, em 1922, o Brasil comemorou com dignidade o centenário de sua independência, com uma imponente Exposição Universal, dando origem a um novo bairro no centro do Rio.
Nenhuma celebração do bicentenário
Poderíamos, portanto, esperar uma grande festa para este 7 de setembro de 2022, especialmente com um presidente que coloca “Brasil acima de tudo”. Mas, surpresa: nada, ou quase nada!
É ainda mais surpreendente que haja um precedente, que poderia ser uma referência para Jaïr Bolsonaro. De fato, a ditadura militar havia feito 150e aniversário um grande momento nacionalista de exaltação da grandeza do país com slogans e eventos populares para fazer as pessoas esquecerem seus lados obscuros.
No entanto, poderíamos ter suspeitado por algum tempo: nenhuma comissão nacional criada, nenhum projeto importante, nenhuma comunicação sobre o assunto. A única exceção notável: a restauração completa do belíssimo museu do Ipiranga, uma espécie de museu da independência, pelo Estado de São Paulo sob o impulso de seu governador, grande inimigo político do presidente.
Mas comícios eleitorais
Mas, na verdade, Bolsonaro tem uma pequena ideia na cabeça: transformar essa comemoração que, basicamente, pouco lhe importa em uma gigantesca manifestação a favor de sua reeleição no próximo mês, combinando os tradicionais desfiles militares de um exército que é dedicado a ele e à multidão de seus apoiadores, todos com as cores do país. Um verdadeiro sequestro eleitoral bicentenário… Perfeitamente antidemocrático!
É o que se faz, de manhã em Brasília e à tarde no Rio na praia de Copacabana, com desfile naval. O presidente fala lá… Mas ele nem fala do bicentenário. Ele faz comentários machistas e algumas piadas sexuais vulgares, como sempre. Acima de tudo, ele fala mal de seus inimigos. As autoridades políticas do país costumam desfilar na tribuna oficial de Brasília. O presidente vê-se assim cercado por um rico empresário, um amigo seu, um pastor evangélico político… e o presidente de Portugal, que se pergunta o que ele está fazendo lá!
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