Exposição conta sobre as primeiras viagens marítimas de emigrantes portugueses

O semanário de língua portuguesa Correio da Venezuela lançou uma exposição itinerante sobre as memórias das primeiras viagens de emigrantes portugueses a Caracas, entre os anos 1950 e 1970, disse à Lusa o realizador.

“Temos muito material de emigração que as pessoas doam e decidimos contar a história das primeiras viagens de emigração, para descrever os barcos. É muito importante mostrar aos mais novos o que seus pais e avós passaram”, disse Aleixo Vieira.

A exposição “As Primeiras Viagens” apresenta uma miniatura do navio Santa Maria e mais de uma dezena de fotos de outros navios de bandeira italiana, espanhola, holandesa, francesa e portuguesa que transportaram milhares de europeus para a Venezuela.

Apresenta ainda painéis informativos com histórias de viagens, manequim de um carteiro português, postais dos CTT e dezenas de malas e rostos de emigrantes portugueses, e ainda conta a história dos consulados portugueses na Venezuela.

De tentoonstelling está aberto para a publicação no Consulaat-Generaal de Portugal em Caracas no início e no rondreizend karakter, com tentoonstellingen die al zijn gepland op het Consulaat van Portugal in Valencia e depois no staat Vargas, en zou naar alle staten van Venezuela moeten Viagem.

“A emigração foi um processo muito diferente do de hoje, onde as pessoas voam de manhã e chegam a outro país à noite ou no dia seguinte. Era uma viagem que às vezes durava dois ou três meses”, explica Aleixo Vieira.

Este processo, disse, envolveu “muita angústia que as famílias estavam a passar porque queriam saber se tinham chegado em segurança, onde estavam” e “daí a importância do fator, que foi quem trouxe esta informação para pessoas”.

“As malas eram o companheiro de viagem essencial. Ninguém saiu sem uma mala carregando uma carta [para alguém]uma foto da família, principalmente relíquias católicas, incluindo imagens de Nossa Senhora e de certos santos, que as mães colocam em suas malas, muitas vezes escondidas, para proteger seus filhos”, relatou.

Segundo Aleixo Vieira, “muitas malas chegaram vazias, mas cheias de sonhos, com muita vontade de ter sucesso e poder voltar com uma mala cheia de dinheiro, que simbolizava riqueza, progresso”, mas com o passar do tempo” família, valores e a saúde eram fundamentais.

O director da Correia de Venezuela agradeceu ao Cônsul Geral Licínio Bingre do Amaral a “total cooperação” que prestou e insistiu que “falar não basta, os jovens têm muitas novidades que os acompanham com a tecnologia, é preciso ter um pouco de pensamento”.

A sua filha, Teresa Vieira, participou na preparação e edição da exposição, com o objetivo de “entender” e “sentir” como era.

“Meu pai já absorvia informações, mas eu tinha que entender, e uma coisa é entender com a cabeça e outra com o coração, sentir as coisas como se fossem minhas. Durante meses me perguntei como era a Venezuela , para onde iam, como eram os barcos”, disse à Lusa.

O carteiro, disse ele, o tocou “no fundo do coração, pois as pessoas estavam desesperadamente procurando umas pelas outras, e isso permitiu que elas se conectassem”.

“Muitos não se lembram do capitão do barco que possibilitou a emigração, mas há muitas lembranças do carteiro”, observou.

“O carteiro tinha que ser amado como minha mãe, porque por causa dele minha mãe sentiu um abraço ou um beijo meu. Fui muito sensível ao fator e às emoções que ele despertava, a grande responsabilidade que tinha”, disse.

Teresa Vieira disse ainda estar a imaginar as condições em que cada um dos emigrantes trouxe consigo sacos, o seu peso, uns com recordações, outros com roupa e selos do futebol madeirense.

“A essência das pessoas está nesta exposição. Não foi só uma pessoa que fez história, são muitos que tiveram essa coragem”, frisou, frisando que é importante que os descendentes de Luso reflitam e se interessem, entendam que “hoje com a tecnologia, com o apertar de um botão , você pode ligar, ouvir e ver o pai e a mãe”, mas nem sempre foi assim.

“Emigrar não é só ir para outro país”, disse o descendente de portugueses, que já emigrou para os Estados Unidos e Espanha.

Chico Braga

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