Ex-primeiro-ministro José Sócrates voltou a julgamento por branqueamento de capitais

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O ex-primeiro-ministro português José Sócrates foi condenado a julgamento esta sexta-feira por crimes de branqueamento de capitais e falsificação de documentos. Beneficiou-se do arquivamento de três acusações de corrupção feitas contra ele pela promotoria.

Mais de seis anos após a sua retumbante detenção, o ex-primeiro-ministro português José Sócrates foi julgado por branqueamento de capitais e falsificação de documentos, mas beneficiou, na sexta-feira, 9 de abril, do arquivamento das acusações de corrupção que lhe são imputadas.

A sentença proferida pelo Tribunal Central de Instrução Criminal é uma afronta ao promotor público que, em outubro de 2017, acusou o ex-líder socialista, hoje com 63 anos, de trinta e um crimes.

Os procuradores, que poderão recorrer desta decisão, suspeitam que ele tenha recebido cerca de 34 milhões de euros em troca de favores prestados a três grupos económicos enquanto governou Portugal entre 2005 e 2011.

Provocando um grande escândalo político e midiático, a promotoria atribuiu um total de 189 crimes a 19 pessoas e nove empresas. Mas na sexta-feira, o juiz de instrução Ivo Rosa reteve apenas dez, e a maioria dos réus foi absolvida.

“Todas as grandes mentiras da acusação caíram por terra”, reagiu José Sócrates à saída do tribunal, prometendo continuar a lutar para provar a sua inocência.

Índices de corrupção considerados “insuficientes”

Durante o seu julgamento, cuja data ainda não foi divulgada, José Sócrates terá de se defender em tribunal por ter ocultado fundos com a cumplicidade do empresário Carlos Santos Silva, amigo de infância suspeito de ser o seu espantalho.

Além de MM Sócrates e Santos Silva, o ex-banqueiro Ricardo Salgado terá que responder em julgamento à parte por três crimes de quebra de confiança, enquanto o ex-ministro Armando Vara, já condenado em outro processo, será julgado por um crime lavagem de dinheiro.

Os três crimes de corrupção passiva atribuídos a José Sócrates já tinham sido prescritos no momento em que a acusação foi formulada, em outubro de 2017, estimou o juiz de instrução Ivo Rosa que, durante mais de três horas, leu um resumo do seu julgamento durante uma audição transmitida ao vivo na televisão.

Ao decidir mesmo assim sobre o mérito da causa, o magistrado desmantelou quase ponto a ponto as conclusões da acusação, criticando em várias ocasiões “a ausência de provas”, a “falta de rigor” ou o carácter “estéril” da a acusação.

Sobre as propinas que José Sócrates teria recebido de Ricardo Salgado, ex-patrão do banco capixaba, o juiz concluiu que as provas reunidas pelos promotores eram “manifestamente insuficientes para sustentar sua condenação por n ‘qualquer forma de corrupção passiva’.

Contratempos legais

Os retrocessos legais de José Sócrates sempre representaram um constrangimento para o atual primeiro-ministro Antonio Costa, integrante do primeiro de seus dois governos.

Pouco antes da audiência de sexta-feira, António Costa repetiu que não tinha “nada a acrescentar” desde que este escândalo estourou com a prisão de José Sócrates, numa noite de novembro de 2014, quando ele próprio assumiu as rédeas. do Partido Socialista, exortando seus militantes a não confundirem os interesses do partido com os de seu ex-líder.

Na época, a imagem de José Sócrates já estava manchada pela forma como lidou com a crise da dívida, que em 2011 o levou a pedir ajuda financeira internacional para evitar a falência do país e que permitiu que o direito ganhasse poder.

Colocado em prisão preventiva durante nove meses, depois em prisão domiciliária antes de ser libertado seis semanas depois, o ex-primeiro-ministro sempre alegou a sua inocência, alegando ser vítima de uma “campanha de difamação”.

No entanto, admitiu em entrevistas que pedia dinheiro emprestado regularmente ao amigo Carlos Santos Silva, relação que sem dúvida será chamado a esclarecer durante o julgamento.

Com AFP

Chico Braga

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