Para Orpea, após o escândalo da Ehpad, é hora de prestar contas

Por Victor Castanete

Postado ontem às 19h26, atualizado às 8h42

Um carro está estacionado perto de 12, rue Jean-Jaurès, em Puteaux (Hauts-de-Seine). Lá dentro, dois homens estão esperando. Um deles colocou no colo uma espécie de maleta contendo um teclado e uma tela sensível ao toque. Às 12h30, é hora da pausa para o almoço e também é a hora da dupla entrar em ação. Eles saem do carro puxando duas caixas de rodas e se dirigem para a sede do grupo Orpea, a clínica privada e lar de idosos número um do mundo. Aqui estão eles logo na entrada, contra o fluxo de funcionários que saem do prédio. Uma jovem os recebe, os leva até o quinto andar, depois os conduz ao escritório do diretor de recursos humanos (RHD), Bertrand Desriaux, onde os deixa sozinhos.

Uma vez fechada a porta, um dos visitantes abre a famosa maleta. É um Oscor Green, um analisador espectral capaz de detectar a presença de microfones indesejados. Os dois homens são funcionários da empresa Æneas, referência em segurança privada. Neste dia de 2016, eles estão lá a pedido do Sr. Desriaux. A sua missão: garantir que este último, um dos pilares do Orpea, não seja espionado. Enquanto um varre as frequências de rádio, o outro verifica as prateleiras, abre as gavetas, desaparafusa as lâmpadas, retira o interruptor do filtro de linha. Sem dúvida: não há microfone, eles podem guardar o equipamento e ir embora. Em um ano eles vão voltar para o mesmo trabalho, diz “poeirando”. É assim: O DRH do Orpea está muito entusiasmado com essa auditoria anual.

De quem ele está se protegendo? Não da concorrência, como se poderia imaginar, mas de seu próprio grupo. Dois homens, sobretudo: o diretor geral (CEO), Yves Le Masne, e um de seus colaboradores, Victor Rodrigues, chefe do departamento de serviços de TI (DSI). Desde meados da década de 2010, as tensões vêm crescendo dentro da gestão do Orpea. O clima é tão tenso que os membros da “alta gestão” começam a se investigar, por meio de empresas de vigilância pagas pelo tesouro do grupo. Centenas de milhares de euros são gastos, milhares de páginas de relatórios produzidos. O mundo teve acesso a alguns desses documentos, neste caso mais de 1.800 páginas. Esses novos elementos lançam uma nova luz os excessos passados ​​desse grupo em plena crise desde a publicação, em janeiro, do livro Os coveiros (Fayard, 400 páginas, € 22,90).

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Chico Braga

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