Quase 250 católicos portugueses solicitaram em carta enviada à Conferência Episcopal de Portugal (CEP) uma investigação independente sobre abuso sexual na Igreja por considerarem as medidas adotadas “totalmente insuficientes”.
“Os bispos precisam saber ouvir melhor o que os leigos lhes dizem, e hoje dizem que a Comissão Nacional que eles lançaram é importante, mas não resolve o problema da ausência de uma investigação nacional séria e independente sobre o enorme problema da abuso sexual. na igreja”, disse à Efe Nuno Franco Caiado, promotor da carta.
O documento enviado ontem, segunda-feira, ao plenário da Conferência Episcopal, e hoje tornado público, afirma que os direitos das vítimas e os valores sagrados do Evangelho violados são os únicos que devem ser tidos em conta.
Também apela à Conferência Episcopal para se alinhar com as orientações do Papa Francisco e para produzir uma “investigação nacional rigorosa, abrangente e verdadeiramente independente com um prazo de 50 anos”.
“Temos que entender que esses abusos podem ter ocorrido em Portugal e teríamos que investigar”, diz o promotor, que elogia a situação na França e lamenta que os bispos não queiram dar o passo para que a investigação deste “ problema sistêmico” ocorre. .
A Igreja portuguesa criou comissões há um mês em cada uma das 21 dioceses do país para investigar e prevenir abusos sexuais dentro da Igreja, embora haja divergências entre os bispos sobre a necessidade de investigar os casos retroativamente.
Na abertura da assembleia plenária, o presidente da Conferência Episcopal, José Ornelas, prometeu apurar a “verdade histórica” sobre os abusos sexuais cometidos em Portugal.
Além disso, mencionou a criação de uma comissão nacional para coordenar o trabalho das 21 dioceses com procedimentos comuns, algo que o jornalista Jorge Wemans, outro dos signatários, considera insuficiente, como explicou à Efe.
“A Igreja Católica em Portugal só pode recuperar a credibilidade de que necessita se solicitar a constituição de uma comissão de investigação independente. E se você se comprometer a dar total apoio a esse comitê independente, ou seja, dar acesso a todos os documentos e pessoas, vai precisar consultar e ouvir”, sustentou.
Para que isso seja possível, além de uma investigação independente, Franco Caiado pede à Igreja “humildade” na hora de reconhecer o problema e dar o próximo passo.
“O próximo passo é pedir a ajuda de todos os leigos, católicos, de toda a comunidade, numa reflexão sobre como mudar a organização da Igreja e a forma de exercer o poder dentro dela. Sem essas mudanças não vamos longe nesse aspecto e em nenhum outro”, opina. (EU)
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