Portugal tem uma visão “madura e equilibrada” do seu passado colonial, afirmou na segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, depois de a questão das reparações ter sido levantada pelo Presidente da República na semana passada.
O governo tem “uma visão muito madura, e diria ao mesmo tempo equilibrada” sobre “a relação que temos com as ex-colónias e o passado colonial”, declarou segunda-feira o ministro em Bruxelas.
“Todos os debates são relevantes”, mas “depois podemos ter ideias diferentes”, acrescentou, especificando que o novo governo da direita moderada, resultante das eleições de março, tinha “uma visão em linha com a dos governos anteriores.
A questão das possíveis reparações coloniais foi levantada na semana passada pelo Presidente conservador Mareclo Rebelo de Sousa.
“Somos responsáveis pelo que lá fizemos. (…) Temos de pagar os custos”, disse na terça-feira passada durante um encontro informal com a imprensa estrangeira em Lisboa.
Estas declarações provocaram inúmeras reações. O líder da extrema-direita André Ventura foi o mais virulento, acusando o Sr. Rebelo de Sousa de ter “traído os portugueses”.
“A história é o que é. Estou orgulhoso dela, não o presidente. É ele quem está errado. O Parlamento deve condenar as declarações do presidente”, argumentou na segunda-feira.
O governo português emitiu um comunicado no sábado indicando que “nenhum procedimento ou ação específica” estava em curso, acrescentando, no entanto, que as suas relações com as suas ex-colónias eram “verdadeiramente excelentes”.
O executivo lembrou ainda que Portugal respeita a “verdade histórica” e que está empenhado “num aprofundamento de relações” baseado “na reconciliação de povos irmãos”.
Portugal era o chefe de um vasto império colonial na América, África e Ásia.
A Revolução dos Cravos, um golpe de Estado que estabeleceu a democracia após 48 anos de ditadura e cujo quinquagésimo aniversário foi celebrado na semana passada, pôs fim a 13 anos de guerras coloniais. Permitiu que as suas antigas colónias em África, nomeadamente Angola e Moçambique, se tornassem independentes.
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