Convocados pela primeira vez este ano pela Roménia, Portugal ou Itália, os franceses Thomas Cretu, Joris Moura e Martin Page-Relo chegaram ao Mundial. Entre a oportunidade e a história familiar, caminhos permitidos pelas regulamentações internacionais do rugby.
Martin Page-Relo, entre os 23 italianos que enfrentam os All Blacks na sexta-feira, sente-se como uma “criança na manhã de Natal, pronta para abrir os presentes”, explica, encantado, à AFP. O meio-scrum treinado em Toulouse, depois de crescer em Isle-Jourdain, no Gers, mostra uma trajetória meteórica com os azzurri, ele que comemorou sua primeira seleção apenas em julho, contra a Escócia.
“Há um ano não imaginava jogar uma Copa do Mundo, nem pela Itália. E enfrentar a França na próxima semana? Menos ainda”, sorri o futuro jogador do Lyon, de 25 anos.
Tudo começou em Fevereiro com uma discussão em Toulouse com Ange Capuozzo, três quartos de Itália. “Discutimos tudo e nada, as nossas origens”, lembra Martin Page-Relo. “Eu disse a ele que meus avós nasceram na Itália, que eram de Vertova (uma pequena cidade montanhosa, ao norte de Bérgamo, nota do editor). E ele me soltou + você sabia que poderia jogar pela Itália? + Eu realmente nunca tinha pensado nisso.”
Dez dias depois, ele recebeu um telefonema de Kieran Crowley, técnico neozelandês da Itália, e depois participou de um treino do último encontro do Torneio das Seis Nações.
A mesma surpresa para Joris Moura, que jogou cerca de dez minutos com Portugal contra o País de Gales na Copa do Mundo. “Estava a fazer a minha época no Valence-Romanos no Nacional (terceira divisão, nota do editor) e durante uma viagem, o presidente da Federação Portuguesa telefonou-me para saber se eu era elegível”, disse o meio de abertura dos 23 anos, que cresceu em Meyzieu, nos subúrbios de Lyon.
“Não sei como suspeitaram que eu era de origem portuguesa. Talvez devam ter uma ficha com todos os nomes que soam portugueses”, ri o jogador formado no clube do Lyon.
País de nascimento de um avô
Porque um pai ou avô nascido no país representado por uma seleção nacional de rugby é suficiente para tornar um jogador elegível para ela. Daí a presença de cerca de dez jogadores nascidos em França no grupo português.
Depois do envio dos papéis e da confirmação, Joris Moura viu-se em meados de setembro a caminhar no mesmo relvado que os “centuriões” galeses Taulupe Faletau na terceira fila ou Leigh Halfpenny na retaguarda.
“São caras que você vê desde pequeno, figuras do nosso esporte. E aí, eles estão na sua frente, é incrível”, comemora Joris Moura, que jogou pelas seleções jovens francesas, até Sub20.
Este é também o caso do pilar direito da Roménia, Thomas Cretu. O avançado de 21 anos, com contrato com o Stade Français, chegou a disputar o Torneio das Seis Nações Sub-20 no ano passado pela França antes de comemorar um ano depois, em Fevereiro passado, a sua primeira selecção pela Roménia, país de origem do seu pai, que chegou ao 17 na França, onde conheceu sua mãe, que veio de Guadalupe.
França e “os amigos do Stade Toulousain”
“Passei todos os meus verões na Roménia com os meus avós. Não falo muito bem romeno, mas estou a progredir”, admitiu em conferência de imprensa o pilar treinado em Massy, que defrontou os campeões mundiais sul-africanos. (76-0) sob o olhar de sua mãe nas arquibancadas, mas não foi retido contra a Escócia no sábado.
Joris Moura mal pode esperar para desafiar a Austrália no domingo, em Saint-Etienne, a uma hora de carro de Meyzieu. “Lá estará minha família, amigos também que virão. Vou ter gente na arquibancada, isso vai me pressionar ainda mais”, bate o pé.
Depois dos Blacks, Martin Page-Relo sonha em marcar contra os Blues. “É emocionante enfrentar a França daqui a uma semana, para mim que nasci aqui, projeta. E então jogarei contra meus amigos do Stade Toulousain.”
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